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16.09.99
Parlamento italiano
A Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento
italiano adoptou uma resolução em que pede ao governo
que conceda todo o apoio necessrio para que o referendo se realize.
Na resolução solicita-se à ONU que analise o
que se passou em Timor-Leste e à União Europeia para
que intervenha no sentido de:
a) exigir a Marrocos que levante todos os obstculos
b) assumir-se como garante de um dilogo marroquino-saharaui
c) anunciar de imediato o reconhecimento de um novo governo
saharaui
d) manter relações com todos os representantes da
Frente POLISARIO na Europa
c) renegociar os acordos de pesca nas costas atlânticas com os
novos detentores da soberania. (ANSPS)
18.09.99
Governo Saharaui
No seguimento da realização do 10.º Congresso da
Frente POLISARIO, o Presidente Mohamed Abdelaziz procedeu a uma
remodelação governamental. O primeiro-ministro
Bouchraya Beyoun continua no seu cargo. Acumula no entanto com a
pasta do Ministério do Interior. Seis novos ministros, entre
os quais uma mulher, entram para o governo: Mariem Salek H'Mada para
a Cultura e Desporto, Ayoub Lehbib, antigo comandante da 3.ª
região militar, é o novo ministro dos
Territórios Ocupados, Sid'Ahmed Batal, até agora com a
responsabilidade pela orientação política,
é nomeado ministro da Informação, Mohamed ould
Nafaa ministro da Construção, Mohamed Lemine ould Dedi
ministro dos Transportes e Salek Baba Hacenna assume o pelouro da
Cooperação. Três ministros trocam de pasta:
Mohamed Bouzeid passa da Cultura para a Justiça, Larabass
Joumani do Equipamento para o Desenvolvimento Económico e
Abeida Cheikh, anterior responsvel pelos Transportes, passa a
assumir o Equipamento.
Quatro ministros são confirmados nas suas pastas: o ministro
da Defesa Mohamed Lemine Bouhali, o ministro dos Negócios
Estrangeiros Mohamed Salem ould Salek, o ministro do Ensino, Salek
Bobih, o ministro da Saúde, Mansour Omar, e o ministro
Conselheiro junto da Presidência Mohamed Sidati.
Outra nomeação é a de Daf Mohamed Fadel, antigo
secretrio-geral na Presidência, que retoma esta
função.
O novo presidente do Crescente Vermelho (Cruz Vermelha) é
Boulahi Siid, antigo ministro do Desenvolvimento Económico. A
nível das wilayas (províncias): Bachir Mustafa Sayed
foi nomeado wali de Aouserd, Mahfoud Ali Beiba, wali de Dakhla,
Abdelkader Taleb Omar, wali de Smara e El Khalil Sid M'Hamed, wali
de El Ayoun.
Malainine Sadig foi designado embaixador em Alger, Fadel Ismail,
ambaixador junto da OUA e da Etiópia, Alioun Kentawi,
embaixador na Nigéria, a saharaui Senia Ahmed, representante
na Suíça e junto da ONU, em Genebra, e Wallad Moussa
representante em Bruxelas (SPS).
18.09.99
Preocupação
Reunido pela primeira vez após a realização do
10.º Congresso, a primeira sessão do Secretariado
nacional da Frente POLISARIO exprimiu a sua «viva
preocupação perante as manobras do governo marroquino,
que inundaram a Comissão de Identificação da ONU
com dezenas de milhares de pedidos de recurso». O Secretariado
sublinha no seu comunicado que Rabat «põe em causa»
o trabalho laboriosamente desenvolvido pela Comissão de
Identificação e «viola assim as
disposições do plano de resolução das
Nações Unidas, as disposições do
secretrio-geral da ONU e atenta contra as resoluções do
Conselho de Segurança».
O Secretariado nacional adverte que «se uma tal
situação fosse tolerada», isso equivaleria a um
adiamento sine die do referendo e «reduziria a zero tantos
esforços desenvolvidos pela comunidade internacional,
afastando a hipótese de uma paz justa e definitiva».
Perante esta situação «injusta e
intolervel», afirma o comunicado, o Secretariado nacional
lança «um apelo veemente» à comunidade
internacional e particularmente ao Conselho de Segurança e ao
Secretrio-geral da ONU «a agir para que não ocorram
derrapagens» no processo, cuja responsabilidade aquela
estrutura política saharaui aponta a Marrocos. (SPS)
21.09.99
Marrocos - ONU
Mohamed Benaïssa, o ministro dos Negócios Estrangeiros
marroquino, em discurso proferido perante a 54.ª Assembleia
Geral da ONU em à Nova Iorque, deu a entender que
«milhares de pessoas originrias do Sahara em conformidade com os
critérios e as condições de
identificação foram excluídas das listas de
votantes para o referendo no Sahara Ocidental.»
22.- 23.09.99
Repressão
A manifestação de protesto que teve início no
dia 10 de Setembro, em El Aioun, com a participação de
estudantes e jovens licenciados no desemprego (ver semanas
36 o
37 prosseguiu e acabou por
receber o apoio de antigos operrios das minas de fosfatos de
Bou-Craa.
Segundo a AFAPREDESA (Associação dos Familiares dos
Presos e Desaparecidos Saharauis), na noite de 21 para 22.09.99 a
brutal intervenção das forças policiais
resultou na morte de um manifestante e cerca de quatro dezenas de
feridos. Alguns viram recusados os cuidados médicos nos
hospitais, outros foram levados para fora da cidade. Os manifestantes
entrincheiraram-se junto da ONEP, o Departamento nacional da gua
potvel. Dezenas de pessoas foram detidas e encarceradas em diversos
centros de reclusão na cidade. Vrias testemunhas ouviram
disparos às 4h 45 da madrugada do dia 22.09.99. O recolher
obrigatório foi decretado em El Ayoun. (AFAPREDESA
acção urgente)
O jornal marroquino Al Mounaddama (citado na revista da
imprensa quotidiana da Embaixada de França em Rabat) relata
assim os acontecimentos:«Na última Quarta-feira, por
volta das duas e meia da madrugada, forças da ordem
intervieram violentamente utilizando mangueiras de guas e
bastões para dispersar os manifestantes que se concentravam
em Laâyoune por tempo indeterminado desde Sexta-feira, dia 10
de Setembro.
O que começou por ser uma concentração de
protesto de estudantes da Universidade, alargou-se a outros
extractos da população, entre os quais, operrios e
reformados, diplomados no desemprego, e outros meios desfavorecidos.
É particularmente lamentvel que as forças de
segurança tenham perseguido as pessoas feridas dentro do
hospital Moulay Al-Mahdi, o que impediu que um vasto número
tenha podido receber o tratamento médico de que necessitavam.
Por outro lado, a cidade de Laâyoune conheceu Quarta-feira
à noite alguns momentos de tensão em certos bairros,
mas as autoridades procuraram resolver a questão com tacto,
tomando a iniciativa de fechar os estabelecimentos comerciais, o que
suscitou desde logo o pânico entre a população e
conduziu a uma série de intervenções
indiscriminadas por parte da Segurança, recebendo os
cidadãos uma chuva de bastonadas sem saber a razões de
tal situação».
Segundo o jornal espanhol El Mundo estes acontecimentos foram
confirmados por testemunhas no local. Sendo as
reivindicações dos manifestantes de carcter social.
Uma outra manifestação ter sido dispersa no dia
23.09.99.
24.09.99
Marrocos
O novo monarca de Marrocos anunciou a criação de uma
Comissão real de acompanhamento dos assuntos saharianos,
constituída por personalidades civis e militares, bem como
representantes da região. A nova comissão ficar
encarregada de tudo o que diga respeito ao Sahara Ocidental.
O quotidiano madrileno El Pais, citando fontes próximas do
rei, afirma que «até agora o conflito do Sahara
Ocidental foi conduzido com mão de ferro, mas no futuro ele
ser gerido com mãos de seda".
A constituição desta comissão equivale a um
alargamento das responsabilidade de um conflito cuja gestão
foi, durante as duas últimas décadas, monopólio
exclusivo do rei e do ministro do Interior Driss Basri.
EM BREVE
10 Outubro de 1999, Sesto Fiorentino - Florença: Convenção 1999 de apoio ao povo saharaui, organizada pela Associazione di Solidarietà con il Popolo Saharawi "Ban Slout Larbi", a que assistir o Presidente Mohamed Abdelaziz. Informações: tel. 0347 6317340 (Sandro Volpe), e-mail: casiele@tin.it
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]