SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS

 

SEMANA 26

21.-27.06. 1998

7 de Dezembro: Referendo pela Independência

Apoio ao Plano de Paz (07.05.98)
As Cortes de Aragão aprovaram uma declaração de apoio ao plano de paz da ONU, onde se pede ao governo central da Espanha que se empenhe para que o referendo possa ter lugar nas condições e dentro dos prazos fixados pelo Conselho de Segurança, assim como o estrito respeito pelos resultados da votação.

Prisões em El Aiun (15.06.98)
A Associação dos Familiares dos Presos e Desaparecidos Saharauis (AFAPREDESA) denuncia a detenção de 8 pessoas, entre as quais:

Errais Embarek ould Mohamed
Dalil Brahim ould Nouijem
Bou Azzatna Brahim
Abba Mohamed ould S'Quiha.

23.06.98
Conselho de Segurança
O presidente do Conselho de Segurança em exercício, o embaixador português António Monteiro, declara à imprensa, após a anlise feita pelo Conselho ao último relatório do secretrio-geral, que os membros do CS estavam preocupados com o atraso do processo de identificação, devido aos problemas com os três grupos contestados. Monteiro referiu que o Conselho apoiava o secretrio-geral no seu apelo a Marrocos e à Frente Polisario a cooperar plenamente com o seu representante especial.
Em entrevista à rdio das Nações Unidas, o embaixador Dunbar declarou que a solução para a questão das tribos contestadas era ainda problemtica: «as partes mantêm uma posição rígida».

Plano de Paz: problemas
O processo de identificação começa a chegar perto do fim. As duas partes têm conhecimento do número actual das pessoas habilitadas a votar. Esse número, segundo parece, est a favor da independência. Daí o crescente nervosismo manifestado pelo lado marroquino. O clima deteriora-se e faz lembrar os primeiros tempos da MINURSO, quando a Unidade Médica Suíça via o seu material retido durante meses no porto de Agadir ou quando Frank Ruddy denunciava escutas telefónicas, espionagem e o controle da MINURSO por parte dos serviços marroquinos. O objectivo de Marrocos é claro: fazer prolongar o processo, o que acabar por pôr em questão o próprio mandato da MINURSO devido a condições financeiras. Não deixando de imputar a responsabilidade à Frente Polisario. Desde h algum tempo os incidentes multiplicam-se. Alguns exemplos:

1. Entraves à deslocação da MINURSO.
A recusa em autorizar a aterragem de dois aviões suecos que transportavam um contigente de especialistas militares encarregados da operação de desminagem, foi mesmo referido no último relatório do secretrio-geral. «Onde é que eles julgam que estão, num moinho?», ironizava sobre este facto a edição do Maroc Hebdo International de 27 de Junho. A obrigação imposta às unidades militares da MINURSO de depositarem os explosivos, as armas e as munições nos armazéns das FAR foi criticado por Kofi Annan. Segundo o secretrio-geral, o deslocamento do contingente processou-se «conforme a prtica estabelecida em todas as operações de manutenção de paz das Nações Unidas».
«A ONU não est habilitada a deplorar esta medida de segurança, comentava ainda o Maroc Hebdo International na mesma edição.

2. Entraves à deslocação do Alto Comissariado das NU para os refugiados (ACNUR).
Ao não assinar o acordo que oficializava a presença do Alto Comissariado das NU para os Refugiados (ACNUR) no território, Marrocos suprime toda a liberdade de acesso e de circulação aos membros desta organização, provocando um atraso considervel nos preparativos do repatriamento. O ACNUR vê-se assim privado de visitar os locais previstos para o repatriamento.

3. A restrição à liberdade de movimentos dos membros da MINURSO, dos seus familiares, dos órgãos de Comunicação Social e dos visitantes.
Os marroquinos controlam e seleccionam os passageiros dos voos aéreos da MINURSO entre os seus centros em El Aiun ocupada e Tinduf. Impedem a sua utilização por parte dos familiares dos membros da missão das Nações Unidas em visita ao território, aos jornalistas e às equipas de televisão (como foi o caso de uma equipa de reportagem de uma televisão portuguesa)

4. Atentados à independência da MINURSO
Através do controle das bagagens dos membros da MINURSO, os marroquinos põem em causa a confidencialidade dos documentos respeitantes à identificação. As acções de controle desencadeadas pelos marroquinos sobre a comissão de identificação - através de escutas telefónicas, vigilância policial estreita dos membros da comissão, tentativas de corrupção, etc... - põem gravemente em causa a independência da missão da ONU.

5. Ataques da imprensa marroquina à ONU
O «Quotidien du Maroc», na sua edição de 22 de Junho, titulava: «Os desvios da coisa». A respeito das tribos contestadas, o jornal fala da «parcialidade da MINURSO», que tomaria posições claramente pro-polisarias. Parcialidade reafirmada, segundo o mesmo jornal, pelo relatório do secretrio-geral que elogia a cooperação da Frente Polisario, ao permitir livre acesso dos elementos do ACNUR aos acampamentos de Tinduf, elementos esses que, segundo ainda o periódico, se erigiram assim em «porta-vozes dos separatistas».
Esta imprensa de m fé vai ao ponto de afirmar, referindo-se ao período transitório durante o qual a MINURSO deter o poder no Sahara Ocidental, que «(...) a Polisario exige nada mais nada menos que o abandono de Marrocos da sua soberania sobre o seu território mesmo antes da realização do referendo...» (Maroc Hebdo International, 27 de Junho)

Rectificação
A Associação de Familiares dos Presos e Desaparecidos Saharauis (AFAPREDESA) anunciou em comunicado datado de 16 de Junho passado o assassinato de Khatri Embarek el-Abd. Na verdade tratou-se sim do seu irmão, El-Kori. Este cidadão foi detido juntamente com o seu pai, Embarek el-Abd Hamadi, nascido em 1917, em Bir Lahlou (Sahara Ocidental), no mês de Março de 1976, na altura em que ambos tentavam fugir para a Argélia. Após a sua libertação os dois homens foram colocados em regime de residência vigiada em El Aiun. O infeliz El-Kori tentava chegar aos acampamentos de refugiados, onde vive a sua mãe, irmãs e irmãos.
A Organização Mundial contra a Tortura/The World Organisation Against Torture lança um apelo urgente e solicita o envio de cartas de protestos às autoridades marroquinas: OMCT@IPROLINK.CH

SOLIDARIEDADE

Vitoria-Gasteiz, País Basco
No dia 16 de Maio, cinco artistas participaram na realização de uma pintura mural com cerca de 20 metros de comprimento a favor da independência do povo saharaui. A acção integrou-se na campanha que a Associação dos Amigos da RASD de Euskadi levou a cabo para comemorar o 25.º aniversrio da proclamação da luta de libertação no Sahara Ocidental..
Vitoria-Gasteiz, País Basco
6.ª Caravana de Ajuda Humanitria ao Povo Saharaui
Organizada por uma Organização Não-Governamental basca em colaboração com a Associação dos Amigos da RASD de Euskadi, a caravana deixou Gasteiz no dia 25 de Maio em direcção aos campos de refugiados na Argélia.
A caravana era composta por onze veículos, dos quais 6 de transporte público e dois camiões-cisternas, e transportava material agrícola e sanitrio destinado às escolas de Tifariti e ao hospital de Aguenit, em teritório libertado. O financiamento proveio em parte da União Europeia, e do governo basco, assim como de autoridades e instituições locais. A maior parte do material ser utilizado no repatriamento dos refugiados.
Por seu lado, a Coordenação em favor de um referendo no Sahara Ocidental de Barcelona recolheu entre a população do bairro de Sants-Montjuich, o equivalente a cerca de 6.500 dólares, montante que foi entregue aos organizadores da caravana.
Aragão
A Coordenação em favor de um referendo no Sahara Ocidental organizou no dia 20 de Junho um concerto intitulado ROCKFERENDUM, em que participaram nove grupos de rock da região.

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