SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS

original:frances

SEMANA 44

28.10.-03.11. 2001

Campanha internacional para a libertação de Mohamed Daddach e de todos os presos políticos condenados por Marrocos
24.10.01
O Comité de Acção pela Libertação de Sidi Mohamed Daddach e de todos os Presos Políticos Saharauis anuncia através de comunicado que as autoridades negaram receber o seu pedido de reconhecimento. Constituído no dia 9 de Setembro último, em El Ayoun, capital do Sahara ocupado, o Comité denuncia mais este «acto ilegal» por parte das autoridades, solicita o apoio das organizações de defesa dos direitos humanos e decide prosseguir as suas actividades.
30.10.01
Cerca de 200 estudantes saharauis de Agadir, Sul de Marrocos, organizaram uma manifestação pacífica na Faculdade de Letras da cidade a favor da libertação de Mohamed Daddach.

Info campagne No 7
Lista dos presos políticos saharauis (BERDHSO) em formato
HTML.

28.10.01
Resistência
Lembrando o aniversário da invasão marroquina do Sahara Ocidental, a 31 de Outubro de 1975, são distribuídos durante a noite panfletos nas cidades de El Ayoun, Smara e Goulimine. O texto denuncia a ocupação colonial e apela à «intensificação da luta para expulsar o invasor». (SPS)

29.10.-01.11.01
Visita da delegação ad hoc Sahara Ocidental do Parlamento Europeu
A delegação, constituída por dez deputados, foi recebida a 29 de Outubro em Argel pelo presidente do Senado e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e, no dia seguinte, pelo presidente do Parlamento. A senhora Lalumière, que presidia à delegação, afirmou aos media que a comissão tinha por objectivo «aprofundar a questão, informar-se sobre o dossier do Sahara Ocidental (...) e compreender com exactidão a situação que prevalece no terreno». A deputada Lalumière afirmou que o Parlamento Europeu está «extremamente preocupado por ver que nenhuma solução recolhe o assentimento das partes envolvidas» no processo de paz do Sahara Ocidental. Acrescentou que a delegação foi constituída para «tentar ver com maior clareza o problema do Sahara Ocidental e o futuro do povo saharaui».
Uma vez chegada aos acampamentos de refugiados saharauis a 30 de Outubro, a delegação foi recebida por Bouchraya Beyoune, primeiro-ministro saharaui, e manteve vários encontros com responsáveis da Frente Polisario e da RASD. Visita três das quatro wilayas e avista-se com membros do Conselho Nacional (Parlamento), do Conselho Consultivo bem como com representantes da sociedade civil. A delegação tem ainda oportunidade de visitar instituições sociais e políticas, tendo sido recebida pelo presidente do Conselho Nacional e pelo Coordenador saharaui junto da Minurso.
Os representantes da sociedade civil pediram à União Europeia que pusesse termo «aos sistemáticos bloqueios de Marrocos, com a complacência de vários actores internacionais», do plano de paz do Sahara Ocidental. Exigiram também que cessassem os atentados aos direitos humanos nas zonas ocupadas do Sahara Ocidental e à «pilhagem das riquezas e recursos naturais por parte do ocupante marroquino».
Na sequência da entrevista que mantiveram com o presidente saharaui, a senhora Lalumière insistiu sobre a necessidade de ser respeitada a vontade do povo saharaui na procura de uma solução pacífica para o conflito. Disse-se convencida de que a solução «passa evidentemente por um referendo», acrescentando que «a situação não se pode prolongar», dado que «o statu quo actual é muito perigoso». A deputada europeia sublinhou que a delegação regressava à Europa «com a vontade de jogar toda a influência dos parlamentares europeus para que o problema não fique sem solução ». (SPS)
Em conferência de imprensa dada em Argel após o regresso dos acampamentos saharauis, a senhora Lalumière apelou à ONU a «a fazer o seu trabalho o mais depressa e o melhor possível.», pois este conflito pode «degenerar.» «Há toda uma urgência em encontrar uma solução aceitável para todas as partes», acrescentou, afirmando que agora que «a terceira via está aparentemente enterrada, é tempo de se procurar uma quarta ou quinta vias». (imprensa argelina)

01.11.01
Parlamento saharaui
A sessão parlamentar de Outono teve o seu início na presença da delegação do Parlamento Europeu. No discurso de abertura, o presidente saharaui declarou que um Estado saharaui independente seria um elemento de «estabilidade» na região do Magrebe, enquanto uma solução baseada na «negação» do direito do povo saharaui estará votada ao «fracasso». Os deputados saharauis têm por obrigação avaliar o trabalho da equipa governamental durante o ano findo e preparar e adoptar o programa para o ano 2002. (SPS)

28.10.01
Marrocos abre crise com Espanha
Marrocos chama o seu embaixador em Espanha «para consultas» por tempo indeterminado, a pretexto de «certas atitudes e posições da Espanha em relação a Marrocos».
No dia 31, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohamed Benaïssa, declara diante do parlamento que a decisão de Marrocos de chamar o seu embaixador em Madrid está relacionada com a posição espanhola sobre a imigração clandestina e sobre a «a atitude dúbia e contraditória da Espanha face à nossa causa nacional sagrada (o Sahara Ocidental)». Sublinha que «a posição de Madrid coincide com o recrudescimento das actividades hostis, no quadro das chamadas campanha de simpatia para com os inimigos da nossa integridade territorial, e que culminaram na organização numa das regiões de Espanha de um referendo sobre a nossa integridade territorial.»
Benaïssa fazia alusão ao referendo organizado em 150 municípios andaluzes e em que participaram 125'000 pessoas. Referendo que teve também lugar no parlamento da Andaluzia com a participação de 394 pessoas (pessoal de apoio e jornalistas incluídos). Destes, 381 votaram a favor da independência do Sahara Ocidental, e 372 manifestaram-se a favor da acreditação da delegação da Frente Polisario em Espanha. (El Pais )

A posição de Espanha a favor da organização do referendo e contra o denominado acordo-quadro a quando dos trabalhos da 4.ª comissão da ONU, está certamente na origem do descontentamente e mal-estar marroquinos. Segundo análises surgidas na imprensa espanhola, os governos francês e norte-americano apoiariam Marrocos nesta estratégia de tensão, que se traduziu já na assinatura dos contratos de prospecção petrolífera e na intempestiva visita do rei ao Sahara, a fim de que Madrid apoie o plano de autonomia proposto por Marrocos e caucionado pela França e pelos EUA.

29.10.01
Carta ao Conselho de Segurança
Mohamed Abdelaziz informa o presidente do Conselho de Segurança das acções levadas a cabo por Marrocos, «que criam dificuldades extremamente graves ao processo de paz.» O presidente saharaui menciona a visita de Mohamed VI ao Sahara Ocidental, que qualifica de «provocação gratuita», bem como a assinatura dos contratos de prospecção petrolífera com uma empresa norte-america e com uma empresa francesa, que considera um «acto ilegal». O presidente saharaui solicita a intervenção urgente do Conselho de Segurança sobre Marrocos, a fim de evitar a grave deterioração da paz e da estabilidade na região. (SPS)

29.10.01
Declaração
O ministro dos Negócios Estrangeiros saharaui considera em declaração tornada pública que a visita de Mohamed VI «constitui uma afronta e uma violação flagrante das resoluções das Nações Unidas que apelam às partes envolvidas de se abster de toda e qualquer acção ou iniciativa que possa criar obstáculos aos esforços desenvolvidos com vista a uma solução justa e definitiva do conflito. (..) Esta visita, refere a declaração, ilustra a falta de vontade política de Marrocos e evidencia uma escalada belicosa com perigosas consequências para a paz e a estabilidade na região. É, sobretudo, uma fuga em frente para esconder a situação de crise profunda com que se debate Marrocos, agravada pelo imobilismo que constitui a característica principal da era de Mohamed VI.»

30.10.01
ONU
O secretário-geral da ONU recebe Boukhari Ahmed, enviado pessoal do presidente saharaui e representante da Frente Polisario em Nova Iorque, que lhe entrega uma mensagem de Mohamed Abdelaziz relacionada com os contratos de prospecção petrolífera no Sahara Ocidental. Boukhari afirma que a Frente Polisario solicitou à ONU que intervenha para « anular os contratos e impedir a visita do rei de Marrocos ao Sahara Ocidental». (SPS)

01.-02.11.01
Visita do rei de Marrocos ao Sahara Ocidental
A visita, prevista para se iniciar na terça-feira 30, teve o seu início na quinta-feira, 1 de Novembro, «por questões de organização». O rei deslocou-se em primeiro lugar a Dakhla, a cidade mais ao sul do território, onde inaugurou o novo porto de pesca, e lançou diversos projectos de melhoria da rede viária, habitação, abastecimento em água potável e energia eléctrica. À tarde, viajou para El Ayoun, a capital do Sahara ocupado, onde anunciou o arranque de diversos projectos de carácter sócio-económico. Toda a visita decorreu sob fortes medidas de segurança. Os jornalistas estrangeiros não foram autorizados a entrar em contacto com a população. O jornalista do diário El Mundo, Javier Espinosa, foi expulso de El Ayoun na segunda-feira 30, e os outros representantes dos órgãos de comunicação espanhóis impedidos de entrarem no Sahara Ocidental. Por solidariedade as agências AFP e AP decidiram renunciar a cobrir a visita do rei ao Sahara ocupado. O governo espanhol protestou contra a atitude marroquina, assim como a RSF. A interdição acabou por ser levantada no dia 31.

À margem da cobertura da visita real, os jornalistas Javier Espinosa (El Mundo) e Tomas Barbulo (El Pais) avistaram-se clandestinamente com membros do Forum Vérité et Justice section Sahara e do Comité de acção pela libertação de Mohamed Daddach. Estes representantes saharauis declaram que as pessoas que aplaudiram a visita real são colonos marroquinos, funcionários e saharauis miseráveis tributários de ajuda pública ou ameaçados de extorsão. Afirmaram que actualmente não existem mais de 20'000 saharauis em El Ayoun. Toda e qualquer manifestação de oposição tornou-se impossível, em virtude do regime de terror montado pelo ocupante. A repressão sofrida no passado, os desaparecimentos forçados, as torturas, as detenções enfraqueceram as veleidades de resistência. A sua única esperança é a Polisario, afirmaram.

02.11.01
Manifestações
Em Smara, na véspera da visita de Mohamed VI, anulada devido às «condições meteorológicas desfavoráveis à viagem», a policia tentou dispersar uma concentração que se prolongava há já três dias em sinal de descontentamento e protesto contra a vinda do rei. O ministério da Informação da RASD através de comunicado revela que várias pessoas, entre as quais Khdeija Mint Ahmed Boumrah, Sdigua Mint Mohamed Saleh e Sidati Ould Youcef, sofreram ferimentos graves. O cidadão saharaui Labeid Mahfoud foi selvaticamente torturado após ter sido detido.Um segundo comunicado, com data de 3 de Novembro, revela que «as forças do exército marroquino de ocupação, da polícia e dos serviços especiais continuam a ocupar os principais bairros da cidade.»
Refira-se que os militantes saharauis de defesa dos direitos humanos decidiram não se manifestar tendo em atenção a importância do dispositivo repressivo montado no território. (Comunicados do Ministério da Informação da RASD, imprensa espanhola)

SOLIDARIEDADE

05-09.12.01, Vol charter "Catalunya amb el sahara " desembre del 2001
L'Associació Catalana d'Amics del Poble Sahrauí organise un vol charter pour Tindouf Campaments de refugiats a Tindouf, du 5 au 9 décembre. Info: ACAPS Vilanova i la Geltrú, Rbla. Samà, 58, 4t, 2ª, 08800 Vilanova i la Geltrú, tels. 649 82 51 60, 610 65 69 65, fax 93 814 37 76, e-mail: afont@pie.xtec.es

EM BREVE

Visita de Danielle Mitterrand
Danielle Mitterrand, presidente da Fundação France Libertés, visitará os acampamentos de refugiados saharauis de 5 a 10 de Novembro. Esta missão destina-se a avaliar a contribuição de France Libertés nos projectos de educação, saúde e desenvolvimento iniciados e prosseguidos com os refugiados saharauis. No plano político, visa igualmente reafirmar a obrigação da comunidade internacional em implementar o direito à autodeterminação do povo saharaui. Danielle Mitterrand deslocar-se-à igualmente a Marrocos e ao Sahara ocupado, entre 12 e 19 de Novembro. Avistar-se-à com parceiros marroquinos de France Libertés nos domínios da ajuda ao desenvolvimento, em particular nas vertentes da educação e dos direitos humanos, com quem abordará a questão dos desaparecidos. A senhora Mitterrand terminará a sua missão em Laayoune, capital do Sahara Ocidental, a fim de testemunhar a sua solidariedade e apoiar os saharauis, cuja expressão é esmagada pela autoridade marroquina ocupante. (communicado France Libertés)

Marrocos &endash; direitos humanos
O Comité de coordenação das famílias dos desaparecidos e vítimas de desaparecimento forçado em Marrocos decidiram realizar uma greve da fome nos dias 10 e 11 de Novembro, face ao desespero das famílias e ao silêncio das autoridades marroquinas perante as suas duas principais reivindicações: a libertação dos presos ainda com vida e a entrega às familías dos restos mortais de todos aqueles que pereceram.

INTERNET

 

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