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Intifada saharaui
(continuação)
Vrios jornalistas estrangeiros puderam deslocar-se a El Ayoun no
início de Novembro. Dão conta de testemunhos que
confirmam o conteúdo político das
reivindicações saharauis. Foram entoados vivas
«à República saharaui» e a bandeira
marroquina queimada. O jornalista do dirio espanhol EL Pais avistou-se com vrios feridos nos confrontos que
abalaram a capital (7.11.), El Mundo
(9.11.) fala de dezenas de feridos, provas fotogrficas e em
vídeo da repressão exercida sobre as
populações.
O semanrio marroquino Le Journal publica, no dia 8.11, seis
fotografias de habitantes saharauis de El Ayoun vítimas de
maus tratos policiais.
A AFAPREDESA (Associação de Famílias dos Presos
e Desaparecidos Saharauis) difunde uma lista provisória que
inclui meia centena de feridos vítimas da repressão
policial e de violações, cita uma dezena de
estabelecimentos pilhados e proprietrios de mais de 40
habitações saqueadas.
05.11.99
França
O primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, afirmou em
Marraqueche (Marrocos) a propósito do Sahara: «Enquanto
país, estamos empenhados, com os nossos critérios, na
iniciativa que foi desenvolvida pela ONU». «Se pudermos ser
úteis através das nossas relações, das
nossas conversações, f-lo-emos». Resultados da
visita francesa: «apoio financeiro sob a forma de perdão
de dívida (700 milhões de francos - mais de 21
milhões de contos - convertidos em investimentos) e
desbloqueamento de créditos no valor de 500 milhões de
FF (15 milhões de contos). O Banco Mundial concede a Marrocos
empréstimos anuais da ordem de 325 milhões de
dólares (64 milhões de contos). Em 1998, aquela
instituição concedeu "excepcionalmente" a Marrocos 450
M USD ( 88 milhões de contos).
05.11.99
Direitos do Homem
O Comité dos Direitos do Homem das Nações
Unidas comentou nestes termos o relatório apresentado por
Marrocos: «O Comité mantém-se preocupado pelo
ritmo muito lento dos preparativos com vista à
realização de um referendo de
autodeterminação no Sahara Ocidental, assim como pela
falta de informação sobre a aplicação
dos direitos do homem na região. Exorta Marrocos a
intensificar os inquéritos sobre o destino das pessoas
desaparecidas e a libertar todas aquelas que possam estar ainda sob
detenção. Exorta ao julgamento dos responsveis por
esses desaparecimentos e à indemnização das
famílias. Recomenda também a adopção de
medidas firmas no sentido da erradicação da
tortura».
06.11.99
Discurso real
Por ocasião do 24.º aniversrio da «Marcha
Verde», Mohamed VI declara: «continuamos a respeitar o
plano das Nações Unidas, na condição de
que todos as pessoas originrias do Sahara sejam inscritas na lista
de votantes que participarão no referendo».
«Estamos empenhados em tratar o dossier do Sahara marroquino
segundo uma visão nova, que permita agir com equidade,
objectividade e realismo». Segundo alguns comentadores, esta
declaração é interpretada como um passo com
vista à elaboração de um projecto de
autonomia.
05-06-07.11.99
25.ª Conferência europeia de coordenação do
apoio ao povo saharaui
Termina em Las Palmas a 25.ª Conferência europeia de
coordenação do apoio ao povo saharaui com a
aprovação de uma resolução final. Ver
pgina
especial com os links a
diversos documentos online e também o serviço noticioso
do Sahara
Press Service.
08-10.11.99
21.º Congresso da Internacional Socialista
Uma delegação saharaui chefiada pelo ministro dos
negócios Estrangeiros, Mohamed Ould Salek, participou no
Congresso, onde se avistou com chefes de delegações
para os informar dos últimos desenvolvimentos relacionados
com o referendo. Na resolução final, a
«Internacional Socialista reafirma a sua resolução
sobre o Sahara Ocidental adoptada pelo Conselho da IS reunido em
Genebra em 1998 ; declara-se de acordo com as Nações
Unidas no que respeita à organização de um
referendo livre, justo e transparente sobre a
autodeterminação, conforme os termos do Plano de Paz e
o Acordo de Houston; lança um apelo a todas as partes
envolvidas, em particular a Marrocos e à Frente Polisario,
para que cooperem plenamente com a MINURSO com vista ao referendo
livre, justo, transparente e democrtico no Sahara Ocidental.»
08-10.11.99
El Ayoun
Após três dias de visita a El Ayoun, a
delegação real encarregada de acompanhar os assuntos
saharianos, de que fazem parte o ministro do Interior Dris Basri,
mais quatro ministros - Negócios Estrangeiros, Assuntos
Islâmicos, Finanças e Justiça - organizam na
segunda-feira, dia 8, uma conferência de imprensa em que
participam mais de 60 jornalistas trazidos em voo especial. O seu
objectivo, segundo dizem, é expor «as grandes linhas da
nova política, fundada no respeito da lei, na
transparência e na democracia» e «anunciar as medidas
tomadas para responder às reivindicações da
população». Pretende-se associar-se através
de eleições «honestas» os «filhos da
região» à gestão do território.
Benaïssa rompeu um tabu evocando os soldados marroquinos presos
da Frente Polisario. A propósito das
manifestações de final de Setembro, o ministro da
Justiça confirmou que elas tinham sido «selvaticamente
reprimidas pela polícia marroquina com a ajuda de colonos
vindos do Norte». No que diz respeito a
detenções, números discordantes são
anunciados: uma vezes 30, uma outra 49 e também 23... apenas
treze pessoas estariam ainda detidas, sob a acusação
de «rebelião». O ministro da Justiça anuncia
uma condenação de 10 anos de prisão, e 25
condenações de 15 anos, por
«participação nos tumultos». Três
polícias inculpados foram transferidos para Rabat.
O ministérios dos Territórios Ocupados da RASD publica
entretanto uma lista provisória onde se referem três
dezenas de detidos.
09.11.99
Marraqueche
Os estudantes saharauis da universidade de Cadi Ayad organizam uma
concentração diante da sede do Comité de Defesa
dos Direitos Humanos, CDDH, em Marraqueche, reclamando a
libertação dos seus familiares e amigos, a
condenação dos responsveis pela violência nos
acontecimentos de El Ayoun e a constituição de uma
comissão de inquérito independente. O CDDH exprimiu a
sua inteira disposição de desenvolver iniciativas
susceptíveis de satisfazer as reivindicações e
de prestar justiça às vítimas (CCDH).
09.11.99
Sai Basri
Demissão do ministro do Interior Driss Basri,
substituído pelo antigo Director da segurança Nacional,
Ahmed Midaoui, de 51 anos de idade, assistido por um secretrio de
Estado, Fouad Ali Al Himma, de 37 anos, amigo pessoal do rei Mohamed
VI.
Para o governo saharaui, a demissão do ministro do Interior
não deve «ocultar a verdade sobre a repressão que
continua a abater-se sobre os nossos concidadãos nos
territórios ocupados e no Sul de Marrocos». Esta
alteração, acrescenta o comunicado, não
é mais do que uma maquilhagem e uma tentativa de gerir as
dissensões internas, «retoques cosméticos de um
sistema corrupto e arcaico que procura ganhar credibilidade». O
ministro dos Negócios Estrangeiros saharaui qualifica de
«simbólica» a partida de Basri, apelando a um
verdadeira alteração política e não
apenas de pessoas. Brahim Ghali, representante da Frente Polisario
em Espanha, considera que esta destituição abre uma
nova pgina em Marrocos e constitui um progresso importante... ao
mesmo tempo que deseja a «mesma firmeza e coragem» para
tomar as decisões que conduzam à
organização do referendo segundo os prazos fixados pela
ONU.
Vrios membros da oposição maroquina solicitam a
inculpação de Basri por «crime contra a
humanidade».
11.11.99
Basri recebe das mãos do rei Mohamed VI a
condecoração do Grande Cordão de Ouissam
Al-Arch.
11.11.99
Revelação
O jornal francês Le Figaro revela que um incêndio de
origem criminosa, ocorrido no dia 29 de Outubro na sede da
Direcção-Geral de Segurança do
Território (DST), teria precipitado destituição
de Basri. O incêndio, ateado nos arquivos, permitiu a
destruição de documentos relacionados com a
gestão pelo DST de fundos especiais destinados a notveis
saharauis aliados de Rabat partidrios da "marroquinidade" do Sahara.
SOLIDARIEDADE
Blanes, Catalunha, 25.10.99: Famílias de acolhimento às crianças saharauis constituídas em colectivo entregam uma moção ao conselho municipal exigindo uma implicação mais activa do Estado espanhol a favor do referendo. A moção é aceite por unanimidade.
Madrid,12-15.11.99: O Conselho da Juventude de Espanha (CJE) organiza um curso de formação para a observação do referendo no Sahara Ocidental onde participam 60 jovens espanhóis.
Cantbria, Espanha: A Delegação saharaui organiza, de 1 a 7 de Dezembro, um voo charter aos acampamentos. As reservas deverão ser feitas antes do dia 20 de Novembro para 942/33.34.03 ou 608/87.79.19.
NA INTERNET
Revista da imprensa quotidiana dos títulos espanhóis realizada pela Representação da frente Polisario em Madrid: http://www.nodo50.org/fpolisario/Prensa.htm
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]