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30.10.-04.11.99
"Intifada" saharaui
Desde a noite de 30 de Outubro que El Ayoun é palco de
confrontações sangrentas entre Saharauis e
forças de ocupação marroquinas. Centenas de
pessoas que manifestavam pacificamente o seu repúdio contra a
repressão foram violentamente dispersadas, na noite de 30 de
Outubro, pelas forças policiais e do exército.
No dia seguinte, novas manifestações tiveram lugar em
resposta ao apelo da Frente Polisario de observar um minuto de
silêncio em memória do mrtir Mohamed Cheikh Aleyiat,
assassinado durante os tumultos do fim de Setembro. A bandeira
marroquina que flutuava na nova sede administrativa do bairro de
"Maatallah", onde se concentraram os Saharauis, foi queimada. Os
manifestantes entoavam slogans, tais como: "os invasores fora do
nosso país " e "O Sahara Ocidental não é Timor
Leste". Uma centena de pessoas foi detida e muitas outras foram
feridas. Lojas e casas de inúmeras famílias saharauis
foram assaltadas pela polícia e saqueadas. Os estragos
materiais são importantes.
As manifestações prosseguiram nos dias seguintes em El
Ayoun, causando muitos feridos, um dos quais gravemente, e
inúmeras detenções. Outras
manifestações tiveram lugar em Zak, em Tan-Tan (Sul de
Marrocos), Agadir e Marrakech. Em Rabat, cerca de 200 estudantes
saharauis organizaram uma manifestação no dia 4 de
Novembro diante do Parlamento reclamando o fim das "brutalidades
policiais" em El Ayoun, a abertura de um inquérito judicial e
a condenação dos responsveis pelas "violências"
cometidas pela polícia.
A Organização Marroquina dos Direitos Humanos (OMDH)
entregou um queixa ao Procurador geral por "violação
de domicílio, sequestro arbitrrio e torturas" no seguimento
das manifestações que tiveram lugar em El Ayoun no
final de Setembro.
01.11.99
Canrias: imigração clandestina
Desde o início do ano, pelo menos 2'200 clandestinos
aportaram à ilha de Fuerteventura, oriundos do sul de
Marrocos ou do Sahara Ocidental. Imigrantes sem papéis de
identificação, chegam às Canrias após 10
a 20 horas de navegação em pequenos barcos,
através da acção de passadores que cobram 300
dólares por pessoa. Desde que detectados, os clandestinos
são em princípio expulsos para Marrocos. Entre eles
contam-se alguns Saharauis que solicitaram asilo político. O
ministro do Interior espanhol fala de um trfico mafioso de
imigrantes entre Marrocos e as Canrias, organizado por
narco-traficantes e comerciantes de armas.
01.11.99
Referendo
O tratamento dos recursos não "deve em nenhum caso violar o
quadro dos acordos firmados em Maio passado entre a Frente Polisario
e Marrocos, declarou o coordenador saharaui com a MINURSO, M'hamed
Khaddad, à rdio "Voz da América". Segundo o
estabelecido nos acordos firmados, indicou, cada requerente deve
cumprir certas condições e, em particular, "aportar
novos elementos" que não tenham sido tomados em
consideração pela Comissão de
Identificação na fase anterior. M'hamed Khaddad
qualificou a inundação dos centros de
identificação por mais de 78.000 pedidos de recurso,
"como acto atentatório contra as recomendações
do Conselho de Segurança"
Questionado sobre se as últimas alterações
ocorridas ao nível do coordenador marroquino com a MINURSO
tiveram repercussões positivas sobre a situação
nos territórios ocupados, Khaddad afirmou que, no fundo,
não houve alteração, antes se tratando de uma
reorganização na administração
marroquina, que visa gerir as diferentes sensibilidades entre os
ministérios do Interior, dos Negócios Estrangeiros e
do Palcio.
02.11.99
Conselho de Segurança
Em sessão à porta fechada, o Conselho de
Segurança analisou o relatório do secretrio-geral.
Segundo fonte diplomtica digna de crédito, vrios membros do
Conselho terão exprimido a sua preocupação ante
o elevado número de recursos apresentados por Marrocos. O
Conselho aguardar o relatório de Kofi Annan de Dezembro
próximo para tomar uma decisão.
O coordenador saharaui com a MINURSO, M'hamed Khaddad, foi recebido
pelo presidente do Conselho de Segurança, Danilo Turk, da
Eslovénia. Na altura, o dirigente saharaui entregou um
mémorandum que reporta a oposição da Frente
Polisario a um novo adiamento do referendo (SPS).
02.11.99
"Assuntos saharianos"
O primeiro-ministro marroquino presidiu a uma reunião
ministerial consagrada ao exame das questões relativas
às «províncias do sul» nos domínios
da habitação, emprego e melhoria da
condição dos estudantes. A reunião insere-se no
quadro da aplicação das decisões da
Comissão real encarregada de acompanhar os assuntos
saharianos.
03.11.99
Comissão real para o Sahara
Uma delegação da Comissão real para o Sahara
deslocou-se a El Ayoun e a Tan-Tan (Sul de Marrocos). Integrada por
Driss Basri, ministro do Interior, Abdelkébir M'daghri
Alaoui, ministro dos Assuntos Islâmicos, Fathallah Oualalou,
ministro da Economia e das Finanças, o General de
Divisão Housni Bensliman, comandante da polícia real,
O General de Divisão Abdelaziz Bennani, comandante da Zona
Sul, o General de Brigada Ahmed Kourima, inspector geral das
forças auxiliares para a Zona Sul e Abdelhafid Benhachem,
director-geral da Segurança Nacional, a Comissão
avistou-se com vrios deputados e autarcas, representantes de
instituições locais, chioukhs, corpo docente,
associações de pais de alunos, etc.
O ministro do Interior apelou os habitantes da região
à calma e à disciplina, pois Marrocos, segundo disse,
atravessa «um período difícil» e que
não se poderia dar aos seus inimigos ocasião para
manipular os factos. Anunciou a visita para breve do príncipe
Moulay Rachid e da princesa Lalla Meriem. O ministro dos assuntos
Islâmicos declarou que Marrocos havia adoptado uma nova
política para o Sahara, baseada na transparência, no
realismo e na objectividade. Criticou os "erros da
acção governamental no Sahara", afirmando "que
é preciso reconhecer os erros, ter a coragem de dizer que nos
enganmos e pedir contas aos responsveis por esses erros ". Por
ocasião de um encontro com dirigentes locais, Driss Basri
afirmou que o referendo dever ser atrasado "dois a três anos".
04.11.99
Referendo
A ONU confirmou que o referendo de autodeterminação no
Sahara Ocidental ser "muito provavelmente" adiado pelo menos alguns
meses. O porta-voz da ONU Fred Eckhard invocou o facto de 79.000
pessoas terem apresentado recurso da sua exclusão das listas
eleitorais para acrescentar que "isso ir muito provavelmente adiar"
o referendo.
"Marrocos quer matar o referendo utilizando a arma dos recursos",
afirmou Ahmed Boukhari, representante saharaui junto das
Nações Unidas, acrescentando que a
declaração feita por Basri "é uma
provocação que prova que Marrocos não est de
forma nenhuma interessado no referendo". A Frente Polisario est
disposta a admitir "um atraso técnico de dois a três
meses", acrescentou.
04.11.99
Visita do primeiro-ministro francês a Marrocos
A primeira sessão de trabalho da III.ª cimeira
governamental franco-marroquina de Fez foi consagrada à
anlise "entre amigos" de diversos assuntos internacionais. Sobre a
questão do Sahara Ocidental e o recente relatório
sobre a organização do referendo de
autodeterminação, foi realçado pelo lado
francês que essa consulta "não estava ainda tecnicamente
pronta" e que era necessrio não "adiantar os acontecimentos"
(AP).
05-07.11.99
25.ª Conferência europeia de coordenação do
apoio o povo saharaui
A 25.ª conferência iniciou-se na presença do
presidente saharaui Mohamed Abdelaziz e de inúmeras
delegações da Europa, África, Ásia e
América. Entre os numerosos representantes presentes
contavam-se vrios elementos do Congresso norte-americano, do
parlamento sueco, dos parlamentos regionais de Espanha e o
Prémio Nobel da Paz José Ramos Horta. No discurso de
abertura Mohamed Sidati, ministro conselheiro junto da
Presidência saharaui, evocou as violências em curso nos
territórios ocupados e a repressão anti-saharaui.
Denunciou a estratégia marroquina que visa o adiamento, uma
vez mais, por diversos anos, da realização do
referendo. Os delegados abordaram durante três dias
questões como a ajuda humanitria, direitos humanos,
observação do referendo e os aspectos políticos
da questão saharaui.
05.11.99
Las Palmas
Mohamed Abdelaziz evocou em conferência de imprensa dada na
capital das ilhas Canrias a ampliação da
«intifada» do povo saharaui nos territórios
ocupados, denunciando a vaga de repressão que se abateu sobre
os Saharauis que reivindicam os seus direitos legítimos
à autodeterminação e à
independência. Referiu que 60 Saharauis tinham sido j
condenados a duas penas por se terem manifestado pacificamente em El
Ayoun e noutras localidades do Sahara Ocidental e do Sul de
Marrocos. Sobre a renovação dos acordos de pesca entre
a UE e Marrocos, o presidente saharaui denunciou «a
chantagem» que Marrocos exerce sobre a Espanha.
NOVO NA INTERNET
Pgina oficial da 25.ª Conferência Europeia de Coordenação do Apoio ao Povo Saharaui, Las Palmas, 05, 06, 07.11.99: <http://www.telecan.es/sahara>http://www.telecan.es/sahara
Sahara Press Service : http://www.citeweb.net/spsinfo
Consejo de la Juventud de España: nova pgina web sobre a sua campanha de observadores juvenis internacionais para o referendo no Sahara Ocidental: http://www.cje.org/cri/sahara.html
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]