SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS

SEMANA 44

31.06.-06.11. 1999

30.10.-04.11.99
"Intifada" saharaui
Desde a noite de 30 de Outubro que El Ayoun é palco de confrontações sangrentas entre Saharauis e forças de ocupação marroquinas. Centenas de pessoas que manifestavam pacificamente o seu repúdio contra a repressão foram violentamente dispersadas, na noite de 30 de Outubro, pelas forças policiais e do exército.
No dia seguinte, novas manifestações tiveram lugar em resposta ao apelo da Frente Polisario de observar um minuto de silêncio em memória do mrtir Mohamed Cheikh Aleyiat, assassinado durante os tumultos do fim de Setembro. A bandeira marroquina que flutuava na nova sede administrativa do bairro de "Maatallah", onde se concentraram os Saharauis, foi queimada. Os manifestantes entoavam slogans, tais como: "os invasores fora do nosso país " e "O Sahara Ocidental não é Timor Leste". Uma centena de pessoas foi detida e muitas outras foram feridas. Lojas e casas de inúmeras famílias saharauis foram assaltadas pela polícia e saqueadas. Os estragos materiais são importantes.
As manifestações prosseguiram nos dias seguintes em El Ayoun, causando muitos feridos, um dos quais gravemente, e inúmeras detenções. Outras manifestações tiveram lugar em Zak, em Tan-Tan (Sul de Marrocos), Agadir e Marrakech. Em Rabat, cerca de 200 estudantes saharauis organizaram uma manifestação no dia 4 de Novembro diante do Parlamento reclamando o fim das "brutalidades policiais" em El Ayoun, a abertura de um inquérito judicial e a condenação dos responsveis pelas "violências" cometidas pela polícia.
A Organização Marroquina dos Direitos Humanos (OMDH) entregou um queixa ao Procurador geral por "violação de domicílio, sequestro arbitrrio e torturas" no seguimento das manifestações que tiveram lugar em El Ayoun no final de Setembro.

01.11.99
Canrias: imigração clandestina
Desde o início do ano, pelo menos 2'200 clandestinos aportaram à ilha de Fuerteventura, oriundos do sul de Marrocos ou do Sahara Ocidental. Imigrantes sem papéis de identificação, chegam às Canrias após 10 a 20 horas de navegação em pequenos barcos, através da acção de passadores que cobram 300 dólares por pessoa. Desde que detectados, os clandestinos são em princípio expulsos para Marrocos. Entre eles contam-se alguns Saharauis que solicitaram asilo político. O ministro do Interior espanhol fala de um trfico mafioso de imigrantes entre Marrocos e as Canrias, organizado por narco-traficantes e comerciantes de armas.

01.11.99
Referendo
O tratamento dos recursos não "deve em nenhum caso violar o quadro dos acordos firmados em Maio passado entre a Frente Polisario e Marrocos, declarou o coordenador saharaui com a MINURSO, M'hamed Khaddad, à rdio "Voz da América". Segundo o estabelecido nos acordos firmados, indicou, cada requerente deve cumprir certas condições e, em particular, "aportar novos elementos" que não tenham sido tomados em consideração pela Comissão de Identificação na fase anterior. M'hamed Khaddad qualificou a inundação dos centros de identificação por mais de 78.000 pedidos de recurso, "como acto atentatório contra as recomendações do Conselho de Segurança"
Questionado sobre se as últimas alterações ocorridas ao nível do coordenador marroquino com a MINURSO tiveram repercussões positivas sobre a situação nos territórios ocupados, Khaddad afirmou que, no fundo, não houve alteração, antes se tratando de uma reorganização na administração marroquina, que visa gerir as diferentes sensibilidades entre os ministérios do Interior, dos Negócios Estrangeiros e do Palcio.

02.11.99
Conselho de Segurança
Em sessão à porta fechada, o Conselho de Segurança analisou o relatório do secretrio-geral. Segundo fonte diplomtica digna de crédito, vrios membros do Conselho terão exprimido a sua preocupação ante o elevado número de recursos apresentados por Marrocos. O Conselho aguardar o relatório de Kofi Annan de Dezembro próximo para tomar uma decisão.
O coordenador saharaui com a MINURSO, M'hamed Khaddad, foi recebido pelo presidente do Conselho de Segurança, Danilo Turk, da Eslovénia. Na altura, o dirigente saharaui entregou um mémorandum que reporta a oposição da Frente Polisario a um novo adiamento do referendo (SPS).

02.11.99
"Assuntos saharianos"
O primeiro-ministro marroquino presidiu a uma reunião ministerial consagrada ao exame das questões relativas às «províncias do sul» nos domínios da habitação, emprego e melhoria da condição dos estudantes. A reunião insere-se no quadro da aplicação das decisões da Comissão real encarregada de acompanhar os assuntos saharianos.

03.11.99
Comissão real para o Sahara
Uma delegação da Comissão real para o Sahara deslocou-se a El Ayoun e a Tan-Tan (Sul de Marrocos). Integrada por Driss Basri, ministro do Interior, Abdelkébir M'daghri Alaoui, ministro dos Assuntos Islâmicos, Fathallah Oualalou, ministro da Economia e das Finanças, o General de Divisão Housni Bensliman, comandante da polícia real, O General de Divisão Abdelaziz Bennani, comandante da Zona Sul, o General de Brigada Ahmed Kourima, inspector geral das forças auxiliares para a Zona Sul e Abdelhafid Benhachem, director-geral da Segurança Nacional, a Comissão avistou-se com vrios deputados e autarcas, representantes de instituições locais, chioukhs, corpo docente, associações de pais de alunos, etc.
O ministro do Interior apelou os habitantes da região à calma e à disciplina, pois Marrocos, segundo disse, atravessa «um período difícil» e que não se poderia dar aos seus inimigos ocasião para manipular os factos. Anunciou a visita para breve do príncipe Moulay Rachid e da princesa Lalla Meriem. O ministro dos assuntos Islâmicos declarou que Marrocos havia adoptado uma nova política para o Sahara, baseada na transparência, no realismo e na objectividade. Criticou os "erros da acção governamental no Sahara", afirmando "que é preciso reconhecer os erros, ter a coragem de dizer que nos enganmos e pedir contas aos responsveis por esses erros ". Por ocasião de um encontro com dirigentes locais, Driss Basri afirmou que o referendo dever ser atrasado "dois a três anos".

04.11.99
Referendo
A ONU confirmou que o referendo de autodeterminação no Sahara Ocidental ser "muito provavelmente" adiado pelo menos alguns meses. O porta-voz da ONU Fred Eckhard invocou o facto de 79.000 pessoas terem apresentado recurso da sua exclusão das listas eleitorais para acrescentar que "isso ir muito provavelmente adiar" o referendo.
"Marrocos quer matar o referendo utilizando a arma dos recursos", afirmou Ahmed Boukhari, representante saharaui junto das Nações Unidas, acrescentando que a declaração feita por Basri "é uma provocação que prova que Marrocos não est de forma nenhuma interessado no referendo". A Frente Polisario est disposta a admitir "um atraso técnico de dois a três meses", acrescentou.

04.11.99
Visita do primeiro-ministro francês a Marrocos
A primeira sessão de trabalho da III.ª cimeira governamental franco-marroquina de Fez foi consagrada à anlise "entre amigos" de diversos assuntos internacionais. Sobre a questão do Sahara Ocidental e o recente relatório sobre a organização do referendo de autodeterminação, foi realçado pelo lado francês que essa consulta "não estava ainda tecnicamente pronta" e que era necessrio não "adiantar os acontecimentos" (AP).

05-07.11.99
25.ª Conferência europeia de coordenação do apoio o povo saharaui
A 25.ª conferência iniciou-se na presença do presidente saharaui Mohamed Abdelaziz e de inúmeras delegações da Europa, África, Ásia e América. Entre os numerosos representantes presentes contavam-se vrios elementos do Congresso norte-americano, do parlamento sueco, dos parlamentos regionais de Espanha e o Prémio Nobel da Paz José Ramos Horta. No discurso de abertura Mohamed Sidati, ministro conselheiro junto da Presidência saharaui, evocou as violências em curso nos territórios ocupados e a repressão anti-saharaui. Denunciou a estratégia marroquina que visa o adiamento, uma vez mais, por diversos anos, da realização do referendo. Os delegados abordaram durante três dias questões como a ajuda humanitria, direitos humanos, observação do referendo e os aspectos políticos da questão saharaui.

05.11.99
Las Palmas
Mohamed Abdelaziz evocou em conferência de imprensa dada na capital das ilhas Canrias a ampliação da «intifada» do povo saharaui nos territórios ocupados, denunciando a vaga de repressão que se abateu sobre os Saharauis que reivindicam os seus direitos legítimos à autodeterminação e à independência. Referiu que 60 Saharauis tinham sido j condenados a duas penas por se terem manifestado pacificamente em El Ayoun e noutras localidades do Sahara Ocidental e do Sul de Marrocos. Sobre a renovação dos acordos de pesca entre a UE e Marrocos, o presidente saharaui denunciou «a chantagem» que Marrocos exerce sobre a Espanha.

NOVO NA INTERNET

Pgina oficial da 25.ª Conferência Europeia de Coordenação do Apoio ao Povo Saharaui, Las Palmas, 05, 06, 07.11.99: <http://www.telecan.es/sahara>http://www.telecan.es/sahara

Sahara Press Service : http://www.citeweb.net/spsinfo

Consejo de la Juventud de España: nova pgina web sobre a sua campanha de observadores juvenis internacionais para o referendo no Sahara Ocidental: http://www.cje.org/cri/sahara.html

NOVAS PUBLICAÇÕES

[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]


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