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02.02.98
Marrocos face à Argélia
Khaled Nezzar, antigo ministro da Defesa da Argélia, escreve
em artigo publicado no diário argelino El Watan que, desde
1992, Marrocos tem oferecido a sua colaboração na luta
contra o terrorismo fundamentalista islâmico em troca do termo
do apoio argelino à Frente Polisario. No mesmo artigo, aquele
general refere o apoio indirecto de Marrocos aos terroristas
islâmicos, assegurando que a fronteira entre os dois
países é um ninho de contrabandistas, através do
qual o Grupo Islâmico Armado (GIA) recebe as armas. As
autoridades marroquinas apressaram-se a desmentir as
acusações do antigo responsável pela pasta da
Defesa argelina.
02.02.98
Os chioukh do Sahara Ocidental ocupado, reunidos no ministério
do Interior marroquino, dirigiram uma carta ao
secretário-geral da ONU denunciando aquilo que no texto
referem como manobras da Polisario tendentes a reduzir de maneira
drástica o número de propostos à
identificação.
02-05.02.98
Campanha diplomática marroquina em Espanha
Depois de Paris, foi a vez de uma delegação marroquina,
chefiada pelo transfuga da Frente Polisario Hakim Ibrahim, visitar a
Espanha para informar as autoridades deste país daquilo que
consideram ser as graves dificuldades suscitadas pela Frente
Polisario ao «tentar impedir que a maioria das tribos saharauis
participem no referendo». Segundo o transfuga Hakim Ibrahim, o
número de pessoas que seriam objecto de
identificação situar-se-ia entre os 220 e as 240 mil.
03.02.98
Campanha da Imprensa marroquina
"Cumplicidade inadmissível»" titula o Al Bayane,
diário do Partido do Socialismo e do Progresso, o antigo
Partido Comunista marroquino. Intensificando a campanha de Imprensa
contra o processo de identificação, os
órgãos de Comunicação Social marroquinos
acusam os membros da MINURSO de «cumplicidade» com a
Polisario na sua determinação de sabotar a
operação de identificação (como refere,
por exemplo, o Libération, diário socialista
marroquino). A passividade da MINURSO é tão perigosa
como as manobras da Polisario, acrescenta, por sua vez, o Al-Maghrib,
diário do Rassemblement National Independent, o partido
liderado por Ahmed Osman, cunhado do rei Hassan II.
04.02.98
Primeiras declarações do novo Representante
Especial
Por ocasião de uma conferência de imprensa realizada na
sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, o embaixador
norte-americano Charles Dunbar, novo representante especial para o
Sahara Ocidental, declarou que o referendo de
autodeterminação será livre, regular e aberto
à observação internacional. Refutando as
alegações marroquinas, Charles Dunbar precisou que as
pessoas identificadas até ao momento o tinham sido segundo um
dos cinco critérios que figuram no plano de paz. No que se
refere ao papel dos chioukh (chefes tradicionais), que suscitou a
crítica de ambas as partes, difundidas também pela
Imprensa, Dunbar referiu que «é à Comissão
de Identificação que cabe decidir», cabendo aos
notáveis saharauis apenas um papel consultivo».
04.02.98
No seguimento das pressões e da chantagem exercidas pelas
autoridades marroquinas sobre os chioukh, a Associação
dos Familiares dos Presos e desaparecidos saharauis (AFAPREDESA)
lança um apelo urgente à ONU para que os
notáveis saharauis «beneficiem de plena imunidade a fim
de poderem exercer cabalmente o seu trabalho de
identificação».
05.02.98
Nomeado novo primeiro-ministro em Marrocos
Abderrahmane Youssoufi, líder da USFP (União Socialista
das Forças Populares), é nomeado primeiro-ministro pelo
rei Hassan II. O novo governo, o primeiro em Marrocos a ser presidido
por um socialista, será formado por representantes de diversos
partidos e contará entres os seus membros com a figura de
Driss Basri, responsável pela condução do
dossier do sahara Ocidental desde o seu início.
06.02.98
Números da Identificação