ACTUALIDADES SEMANAIS |
04.-10.03. 2001
Marrocos
Duas semanas após o ultimato da ONU, a ideia de uma autonomia
para o Sahara começa a ser evocada em Marrocos. Khalihenna
ould Rachid, notável saharaui pro-marroquino, com assento na
Assembleia Municipal de d'El Ayoun, multiplica as reuniões e
declarações tentando tornar-se o porta-voz dos
saharauis sob ocupação marroquina. (ver
semana
08). Assume-se como o
apóstolo de uma solução de autonomia, que conta
com a simpatia das grandes potências e da ONU.
A história repete-se
Acossada pela descolonização, a Espanha, em 1974,
confiou a Khalihenna a preservação dos seus interesses.
Foi assim que este criou o PUNS, um partido pseudo-nacionalista, e
pretendia tornar-se o primeiro presidente de um Sahara
«independente». A invasão e a
integração do território em Marrocos mudaram os
dados e Khalihenna tornou-se ministro dos Assuntos Saharianos
marroquino.
Nas suas recentes declarações apresenta-se de novo como
líder da tendência nacional saharaui e reivindica:
«Digo-vos que está na hora de dizer ao mundo que
existimos e que é preciso aplicar a opção
regionalista &endash; Em Espanha, designá-la-íamos por
autonomista &endash; para o nosso território.» (El
Pais, 26.02.01).
Não hesita em dizer numa outra entrevista que a
situação económica e social no Sahara é
grave, catastrófica, explosiva mesmo. «Os acontecimentos
[de Outubro de 1999] podem reproduzir-se, de uma forma ainda
mais grave... Nas últimas semanas, por pouco não voltou
a explodir.» Quer canalizar o descontentamento no Sahara, onde o
problema, como reconhece, é de origem política. Para
ele, o responsável é Basri, o ex-ministro do Interior,
a sua má gestão do dossier, os acordos de Houston,
«que Marrocos não era obrigado a firmar». Para
Khalihenna, o sucessor de Basri não é melhor, pois mais
não fez que camuflar a situação real. Nada foi
feito. O Conselho constitutivo para os Assuntos Saharianos, anunciado
pelo rei em 199 não passou de letra morta. (Maroc Hebdo
International, 09.03.01).
Por outro lado, Marrocos toma timidamente consciência da
situação real após as últimas propostas
da ONU. Serfaty adverte: «As alternativas são claras e
transparentes (..): ou Marrocos aceita enveredar pela terceira via ou
a ONU terminará o recenseamento num sentido que dará
lugar à independência.(...) Estamos na encruzilhada e o
destino do país disso depende.» (La Nouvelle Tribune,
22.02.01).
O governo marroquino, pela voz do secretário de Estado das
Telecomunicações, deixou entender que prepara uma
fórmula de autonomia para o Sahara Ocidental, que se
inspiraria no modelo regionalista espanhol (01.03.01, EFE). A
divisão administrativa de Marrocos está a ser revista,
o número das províncias deverá ser reduzido de
16 para 10, formando o Sahara uma única entidade, anuncia La
Vérité (09.03.01) .
27.02.01
Austrália
A moção apresentada no Senado australiano pela senadora
Lyn Allison foi aprovada por unanimidade. Nela solicita-se ao governo
australiano que intervenha junto da ONU e de Marrocos no sentido de
favorecer a realização o mais rapidamente
possível do referendo de autodeterminação e de
chamar a atenção do governo britânico para as
consequências da venda de armas na região.
07.03.01
Repressão
Ayach Baba Yahdih, de 17 anos, estudante no colégio
"Laayoune3", que fora detido juntamente com os seus dois
irmãos no dia 11 de Fevereiro após o incêndio de
uma viatura, (ver semana
07), foi condenado a dois
anos de prisão efectiva pelo tribunal de primeira
instância.
Mohamed Najem Laabi, preso a 12 de Fevereiro no aeroporto de El Ayoun
(ver semana
07), acusado de
falsificação de papéis e transferido para
Marrocos, foi libertado após ter passado dez dias no
Comissariado de polícia de Tânger. (corr.).
07.03.01
Espanha
Cerca de três dezenas de deputados do Parlamento espanhol
constituíram um intergrupo «Paz para o povo
saharaui», onde, à excepção do Partido
Popular, todos os partidos estão representados. O objectivo do
intergrupo é apoiar o plano de paz para o Sahara Ocidental,
defender os direitos humanos no território e intensificar a
ajuda humanitária aos refugiados saharauis. O novo intergrupo
prevê o envio de delegações aos acampamentos de
refugiados e aos territórios ocupados por Marrocos.
09.03.01
Marrocos
Mohammed VI nomeou Mohammed Bennouna representante permanente de
Marrocos junto das Nações Unidas. Doutor em direito
internacional, professor em Direito Público e Ciências
Políticas, , M. Bennouna exercia desde 1998 o cargo de juiz no
tribunal penal internacional para a ex-Jugoslávia. Fez parte
da delegação marroquina ao Tribunal Internacional de
Justiça em 1975 e foi director-geral do Instituto do Mundo
Árabe, em Paris, de 1991 a 1998.
08.03.01
Venda de armas britânicas
O programa televisivo da BBC Newsnight investigou a venda de armas a
Marrocos (ver semana
05). Tratam-se de
peças de substituição para canhões
estacionados ao longo do muro de defesa no Sahara Ocidental. O
jornalista Robin Denselow concluía na sua reportagem que o
Parlamento havia sido enganado pelo governo, pois este dera a
entender que o Gabinete de Assuntos Jurídicos da ONU achara
que a venda de armas não violava o cessar-fogo. O
responsável pelo referido Gabinete, Hans Corell, declarou
à televisão britânica que o seu departamento
não tinha sido consultado. O porta-voz da ONU, David Wimhurst,
interrogado pelo programa Newsnight, declarou que a ONU não
tinha dado 'luz verde' à renovação dessas armas.
Questionado sobre a mesma questão, Charles Dunbar, antigo
representante especial da ONU para o Sahara, fez
declarações no mesmo sentido. Newsnight descobriu que a
empresa Royal Ordnance colocou em estado de bom funcionamento 30
canhões com alcance de tiro de 17 km e capacidade de 12
disparos por minuto. O governo britânico recusou que qualquer
ministro fosse interrogado pelo programa.
INTERNET
Comité de solidaridad con el Sáhara interpueblos, Cantabria, Espanha: http://www.nodo50.org/labarored/interpueblos/actividad/sahara_occidental/home.htm
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível
que existam links com diversos jornais que deixem de estar em
funcionamento ao fim de alguns dias]
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