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14.05.00
Encontro de Londres
A delegação saharaui era integrada por Mahfoud Ali
Beiba, na qualidade de presidente, M'Hamed Khaddad, Brahim Ghali,
Ahmed Boukhari - todos membros do Secretariado nacional da F.
Polisario - por Radhi Sgheir Bachir, conselheiro junto da
Presidência, e Brahim Mokhtar, representante da F. Polisario em
Londres
A delegação marroquina, chefiada por Mohamed
Benaïssa e Ahmed El Midaoui, respectivamente ministro dos
Negócios Estrangeiros e ministro do Interior, era
constituída também pelo embaixador Ahmed Snoussi,
representante permanente de Marrocos junto das Nações
Unidas, Mohamed Loulichki, coordenador com a MINURSO, e por cinco
saharauis: os transfugas Brahim Hakim, embaixador itinerante do rei e
Omar Hadrami, gouverneur, Rachid Douihi, governador da wilaya de El
Ayoune (antigo membro do PUNS, partido criado pela Espanha no Sahara
antes de 1975), Khali Hana Ould Rachid, deputado e presidente do
Conselho Municipal de El Ayoune (antigo secretario-geral do PUNS que,
em 1976, fugiu para Marrocos com o roubo de todo o dinheiro do
partido) e Ghailani Dlimi, governador junto do ministério do
Interior. Estes saharauis não tiveram no entanto o direito ao
uso da palavra.
A reunião teve início com uma breve
introdução de James Baker, após a qual as
delegações argelinas e mauritanas abandonaram a sala.
Benaïssa, Midaoui e Loulichki expuseram as teses marroquinas.
Ali Beiba, Khaddad e Boukhari tomaram depois a palavra. Não
houve discussão. Baker pediu às duas partes que
elaborassem propostas para desbloquear a situação, a
fim de serem discutidas numa próxima reunião que devera
realizar-se no início de Junho. O porta-voz do
secretario-geral da ONU confirmaria no dia 16 de Maio a
realização desse encontro.
Comentarios
Frente Polisario
Mahfoud Ali Beiba afirmou «não se terem chegado a
resultados concretos». Denunciou a atitude
«provocatória» de Marrocos, que volta a utilizar
«uma linguagem do passado».«Não sentimos da
parte marroquina nenhuma vontade de avançar. Fomos
surpreendidos pelo regresso a um discurso de provocação
que julgavamos de vez banido». Mahfoud Ali Beiba denunciou com
veemência» o volte face de Marrocos, cuja
delegação se escondeu por detras de um discurso que
disfarça mal a sua recusa do referendo e do processo de
paz».
Brahim Ghali declarou ao diario espanhol La Razon que
«não falaram de uma terceira nem de uma quarta via, mas
unicamente do plano de paz das Nações Unidas».
M'hamed Khaddad referiu que Marrocos, «incapaz de impor uma
solução militar, incapaz de aceitar o veredicto popular
das urnas, procura desesperadamente abandonar o plano de paz»,
opção que é encorajada por certos países
amigos de Marrocos, que procuram aplicar «soluções
surrealistas», elaboradas nos anos 70 e que «ignoram a
vontade de independência do povo saharaui, com o pretexto de
salvaguardar a estabilidade interna de Marrocos»
Argélia
Algérie Presse Service: «A reunião de Londres
demonstrou de forma clara que ela não pretendia encontrar uma
outra alternativa àquela que é traçada com
detalhe pelo plano de paz e o acordo de Houston».
O presidente argelino, em visita a Montreal, Canada, exprimiu no dia
16 de Maio, a sua convicção de que o conflito Sahara
Ocidental deve ser resolvido pelas Nações Unidas:
«Estou certo disso, afirmou, pois, para mim, a saída real
- e não se trata de um jogo de palavras - é a
saída pela grande porta da legalidade internacional,
respeitando a autodeterminação dos povos».
Marrocos
Não houve nenhuma reacção oficial.
L'Opinion, diario do partido Istiqlal, 16.05.00:
«Após cinco horas de discussões em Londres sobre o
Sahara, um pesado silêncio. O hermetismo que marcou o encontro
de Londres pode querer significar que alguma coisa de delicado, e por
isso fragil, esta em preparação... O silêncio
observado deve pois ser rompido se não se quiser que ele
dê lugar à tagarelice, em nada benéfica para a
nossa causa... Os marroquinos têm o direito de saber o que
é que se passa...»
La Gazette du
Maroc, 17.05.00:
«Londres: Os marroquinos serenos e decididos. A
delegação marroquina não se deixou impressionar.
A posição marroquina é imutavel: nenhum atentado
à soberania nacional.» (revista de imprensa da embaixada de França,
Rabat).
07-10.05.00
OUA: Conferência para a Segurança, a Estabilidade, o
Desenvolvimento e a Cooperação em Africa
Os ministros africanos dos Negócios Estrangeiros apelaram em
Abuja (Nigéria) «para o termo da
colonização do Sahara Ocidental através da
aplicação célere e honesta do plano de paz
ONU/OUA e dos acordos de Houston para o território». Uma
delegação da RASD chefiada por Malainine Sadik,
embaixador da RASD na Argélia, participou nos trabalhos.
(ministério da
Informação saharaui)
17.05.00
União Europeia
Com o objectivo central de implicarem a União Europeia na
procura de uma solução justa e pacífica para o
conflito do Sahara Ocidental, membros do movimento europeu de
solidariedade com o povo saharaui deslocaram-se ao Parlamento
Europeu, em Estrasburgo. No decurso de varios encontros com
inúmeros parlamentares, propuseram aos eurodeputados que
convidassem James Baker para se deslocar a Estrasburgo e enviassem
uma missão de observação ao território.
Chamaram a sua atenção para a protecção
dos direitos das populações saharauis dos
territórios ocupados e para a situação alimentar
preocupante dos refugiados saharauis devido ao atraso da ajuda
humanitaria da EU. Solicitaram igualmente aos eurodeputados que nos
acordos económicos estabelecidos entre Marrocos e a EU
houvesse clausulas que preservassem os interesses saharauis. No
decurso desta iniciativa, uma centena de pessoas manifestou-se
pacificamente no interior do Parlamento defendendo um
solução justa e duradoira para o Sahara Ocidental
baseado no direito à autodeterminação.
(comunicado frances o ingles)
16-19.05.00
Repressão
Registaram-se violentos confrontos entre dezenas de estudantes
saharauis e as forças policiais marroquinas no campus
universitario de Marraqueche. Os estudantes protestavam contra a
brutalidade policial de que foi vítima uma estudante saharaui.
36 estudantes saharauis foram detidos (38 segundo uma outra fonte).
Os estudantes saharauis da Universidade Mohamed V de Rabat
solidarizaram-se nesse mesmo dia com os seus colegas de Marraqueche.
Tal como nesta cidade, as forças policiais intervieram e
efectuaram 20 detenções (13, dos quais 12 saharauis,
segundo uma outra fonte).
No dia 19 de Maio a polícia prosseguiu no cerco aos campus de
Marraqueche e de Rabat, após ter revistado os quartos ocupados
por estudantes saharauis.
Trinta e uma pessoas foram citada para se apresentarem diante do
tribunal de primeira instância de Marraqueeche, e uma outra
perante o tribunal de apelo (SPS).
Por seu lado, a agência noticiosa oficial MAP divulgava a ocorrência de uma dezena de
detenções na altura dos confrontos, que, afirma,
produziram «varios feridos», sem precisar no entanto a
causa nem a forma como eclodiram. O diario espanhol El Pais relatou a detenção de varios estudantes
saharauis «no seguimento de uma manifestação que
provocou devastação em viaturas e em lojas».
No dia 19 de Maio, os jornais marroquinos confirmaram os
acontecimentos de Marraqueche, retirando-lhes todo o aspecto de
reivindicação política.
Maroc Hebdo
International escreve que
uma rixa entre estudantes saharauis e um polícia degenerou em
confrontações com as forças policiais
«durante varias horas». «Foi o desencadear de uma
longa e brutal batalha», escreve o semanario, tendo os
estudantes erguido barricadas nas proximidades da cidade
universitaria. Segundo o MHI, as pessoas detidas terão sido
julgadas no dia 18 de Maio.
A Associação francesa dos amigos da RASD, publica uma
lista provisória das pessoas detidas, e lança um apelo
às organizações de defesa dos direitos humanos
para que exijam a libertação das pessoas detidas.
20.05.00
RASD
Desenrolam-se manobras militares na região de Aghouenit
(sudeste do Sahara Ocidental), por ocasião do 20 de Maio,
aniversario do desencadeamento da luta armada de
libertação pela Frente Polisario. A manobras
realizam-se na presença do presidente Mohamed Abdelaziz, de
representantes do Governo da RASD, do Parlamento, do conselho
consultivo e das diferentes instituições
políticas e sociais saharauis. É a primeira vez desde o
cessar-fogo que nelas participam carros blindados. As manobras visam
preparar o exército para todas as eventualidades, declarou um
responsavel militar. (SPS)
EM BREVE
22.05.00
O próximo relatório do secretario-geral da ONU é
esperado para o início da próxima semana.
25.05.00
Reuniões informais do Conselho de Segurança sobre o
tema MINURSO.
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que
existam links com diversos jornais que deixem de estar em
funcionamento ao fim de alguns dias]
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