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02.03.00
Referendo - Entrevista
Em entrevista ao dirio suíço 'Le Temps', M'Hamed
Khaddad, coordenador saharaui junto da MINURSO, declara que existe
«nas Nações Unidas uma sensibilidade que recusa o
referendo sob o pretexto de que pode desestabilizar o regime de
Mohamed VI. No entanto, acrescenta aquele dirigente, o custo que
representa a manutenção de mais de 100'000 soldados
marroquinos no Sahara Ocidental é muito mais desestabilizante
do ponto de vista económico».
Em relação ao plano de paz, salienta que
«três quartos do trabalho foram j realizados, sendo que o
voto a favor da independência não deixa quaisquer
dúvidas. O problema é agora de ordem técnica. E
pode ser facilmente resolvido.»
03.03.00
CICV
No âmbito da sua viagem à Suíça, M.
Khaddad manteve encontros com Jakob Kellenberger, presidente do
Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a
propósito da questão dos prisioneiros de guerra. M.
Khaddad insistiu sobre «a necessidade do CICV multiplicar os
seus esforços em favor dos prisioneiros de guerra e
desaparecidos saharauis» (SPS).
04.03.00
Entrevista do presidente argelino
«A questão do Sahara Ocidental cabe às
Nações Unidas. Se a ONU assumir o seu papel, os
acordos de Houston serão respeitados, caso contrrio só
Deus sabe o que poder vir a acontecer», declara o presidente
argelino Bouteflika em entrevista à Radio-Orient, que emite a
partir de Paris.
04.03.00
Agadir
O rei de Marrocos avista-se com os prisioneiros de guerra marroquinos
recentemente libertados pela Frente Polisario.
MANIFESTAÇÕES NO SAHARA OCIDENTAL OCUPADO (ver também semana 09)
Após as manifestações em Smara do dia 1 de Março, o comité permanente do Secretariado Nacional da Frente Polisario considera em comunicado que elas constituem «uma intensificação e uma generalização do combate» contra o invasor marroquino. Denuncia «energicamente os métodos de repressão coloniais» e apela às Nações Unidas e à MINURSO que «defendam os direitos dos cidadãos saharauis» (ministério da Informação saharaui, 04.03.00)
Três partidos marroquinos, a USFP, PPS e OADP, denunciam «com veemência a intervenção musculada» contra os cidadãos saharauis de Smara. Acusam o capitão das forças auxiliares marroquinas de responsvel pelos acontecimentos e solicitam ao governo que «encontre, no mais breve prazo possível, soluções para os problemas que se colocam» no território ( Al-Bayane dirio marroquino, SPS, 06.03.00).
04.03.00 El Ayoun
Em solidariedade com os manifestantes de Agadir, Smara, Rabat e
Marraqueche, os estudantes saharauis de El Ayoun organizam uma
manifestação, à qual se juntam rapidamente vrias
centenas de saharauis de todas as idades e condições
sociais. Empunhando bandeiras saharauis e gritando palavras de ordem
hostis ao ocupante marroquino, os manifestantes exigem a
libertação dos presos políticos saharauis.
Seguem-se confrontações com as forças policiais
e detenções. Vrias são as viaturas incendiadas.
As autoridades de ocupação reforçam o
dispositivo de segurança na cidade e nos seus arredores
(SPS).
Segundo a Associação dos Familiares dos Presos e
Desaparecidos Saharauis (AFAPREDESA) foram detidas pelo menos dez
pessoas, registando-se dezenas de feridos (comunicado,
07.03.00).
Marrocos impôs o recolher obrigatório em El Ayoun e em
Smara, segundo o dirio espanhol El Pais, cintando
informações com origem nas autoridades locais e em
fontes do território. Nas duas cidades, o exército
marroquino, chamado a intervir, tomou posição em
diversos locais. Veículos militares equipados com megafones
percorrem as ruas das cidades, intimando os cidadãos a
acolher a ordem de fecharem-se em casa e apagarem as luzes. Sete
pessoas estariam ainda detidas de entre as dezenas de jovens
encarcerados. Segundo ainda o El Pais, membros da MINURSO em El
Ayoun confirmaram a ocorrência dos confrontos e a
destruição de um veículo da polícia e
outro da MINURSO. Interrogado pelo mesmo dirio, a jornalista
marroquina Anas Mezzour, que se deslocou a Smara e a El Ayoun
após os tumultos, declara que a presença das
forças da ordem é esmagadora. «H dois
polícias em cada ruela». Acrescenta que «as pessoas
têm medo, ninguém quer falar. A minha impressão
é que nesta cidade pode explodir qualquer coisa a qualquer
momento, ninguém o sabe». (El Pais, 08, 09 e 10.03.00).
A agência espanhola EFE sublinha o reforço do
dispositivo policial em El Ayoun. A agência confirma os
incidentes de curta duração, nos quais estiveram
envolvidos uma dezena de jovens (La Provincia, 09.03.00).
A Reuters relata o testemunho de um diplomata ocidental em El Ayoun,
que constata a deslocação de um dispositivo excepcional
de tropas após os incidentes do fim-de-semana (BBC,
10.03.00).
O representante da Frente Polisario em Espanha declara que a cidade
de El Ayoun «continua ainda em estado de sítio ».
«Patrulhas militares, polícias e elementos das
forças auxiliares transportados em camiões militares
continuam a percorrer as principais ruas de El Ayoun, onde o
recolher obrigatório foi decretado a partir das 19
horas», refere (APS, 09.03.00).
O governo saharaui e a Frente Polisario lançam um «apelo
veemente às Nações Unidas e à sua
Missão no Sahara Ocidental para que assegurem a
protecção dos nossos compatriotas e o levantamento do
estado de sítio imposto em El Ayoun e em Smara.»
(ministério dos Territórios Ocupados saharaui,
05.03.00).
O governo marroquino desmente categoricamente a
instauração de um recolher obrigatório em Smara
e El Ayoun. Exprime o seu descontentamento e acusa os dirios
espanhóis El Mundo e El Pais de serem «simples
porta-vozes da Polisario.» Convocados ao Ministério da
Comunicação, os seus correspondentes Pedro Canales e
Javier Espinosa, são acusados de prticas contrrias à
deontologia profissional. O governo marroquino assegura que os
representantes da imprensa ocidental podem viajar a El Ayoun quando
quiserem (El Pais, El Mundo, 09.03.00 ).
O Intergrupo do Parlamento Europeu «Paz para o Povo
Saharaui» apela a comunidade internacional a «exigir das
autoridades marroquinas o respeito pelos direitos fundamentais dos
saharauis » (APS, 09.03.00).
A Frente Polisario em carta ao presidente do Conselho de
Segurança, o embaixador do Bangladesh A. Chowdhury, denuncia
a repressão violenta nas cidades de Smara e de El Ayoun pelas
forças de ocupação marroquinas. Afirma que o
Conselho deve intervir para assegurar que o governo marroquino
respeite os direitos políticos e humanos da
população civil saharaui, assim como o seu direito de
se manifestar a favor da autodeterminação e da
independência. A carta acrescenta que se o Conselho se
preocupar agora com estes acontecimentos trgicos, evitar que outros,
mais graves e talvez mais sangrentos, se venham a produzir no
futuro.
O representante da Frente Polisario junto da ONU diz-se surpreendido
que a MINURSO mantenha o seu habitual silêncio, acrescentando
que ser difícil justificar a sua falta de
reacção face aos acontecimentos que se desenrolaram
diante da sua sede em El Ayoun.
A pedido da Namíbia, o Conselho de Segurança da ONU
decidiu reunir-se à porta fechada no dia 09.03. para analisar
as últimas confrontações no Sahara Ocidental. A
sessão foi adiada um semana a fim «de serem recolhidas
mais informações.»
06-10.03.00
Mulheres saharauis
Uma delegação da União Nacional das Mulheres
Saharauis visita a Bélgica a convite do comité belga
de apoio ao povo saharaui. Por ocasião da data comemorativa do
8 de Março, a UNMS exprimiu, através de comunicado, a
sua solidariedade com as populações saharauis das
zonas ocupadas, convidando-as a prosseguir o combate pela
independência nacional. Para a UNMS, «este dia mundial
coincide com o 26.º aniversrio do primeiro mrtir saharaui,
Bachir Lahlaoui, caído no campo da honra no dia 8 de
Março de 1974 contra o colonizador espanhol.» (SPS).
Em Mérida, Espanha, o representante da União da
Juventude Saharaui, acompanhado de Rigoberta Menchu, Prémio
Nobel da Paz, e de Hebe Pastor de Bonafini, uma das Mães da
Praça de Maio, da Argentina, sublinhou o importante papel
desempenhado pelas mulheres na luta do povo saharaui (La
Provincia).
07.03.00
Bons ofícios
Em mensagem dirigida ao presidente saharaui por ocasião da
festa nacional, o presidente do Mali, Alpha Oumar Konaré,
declara que o seu país est disponível para
«apoiar os esforços das Nações Unidas para
a resolução pacífica da questão do
Sahara Ocidental» (SPS).
09.03.00
Terceira via
A Liga espanhola Pro-Derechos humanos denuncia a tentativa
marroquina de impor uma «terceira via» para encontrar uma
solução ao problema do Sahara Ocidental. Em comunicado
tornado público, a organização espanhola acusa
a Espanha, a França e os Estados Unidos de apadrinhar esta
terceira via, que consistiria em fazer do Sahara uma
província marroquina dotada de certa autonomia.
10.03.00
OUA : 71.ª sessão do Conselho de ministros
O Conselho declara no seu relatório que foi informado pelo
ministro dos Negócios estrangeiros saharaui dos
últimos acontecimentos relacionados com o processo de paz no
Sahara Ocidental, que advertiu sobre as graves consequências
que poderão resultar dos obstculos colocados diante da
aplicação do plano de paz e de qualquer veleidade que
vise a sua substituição.
EM BREVE
SOLIDARIEDADE
Suécia
Teve lugar em Göteborg um colóquio sobre o Sahara
Ocidental que contou com a participação de Eva
Zetterberg, membro do parlamento, Inga Brandell, da Universidade de
Uppsala, Lamine Yahiaoui, representante da Frente Polisario e Lena
Thunberg, do Saharabulletinen.
No final do colóquio foi enviado ao ministro dos
Negócios Estrangeiros sueco um comunicado sobre as
manifestações de Smara.
Noruega
06-07.03.00
O representante da Polisario para os países nórdicos,
Lamine Yahiaoui, realizou uma breve visita à Noruega onde
reuniu com membros do governo, políticos, ONG humanitrias e a
comunicação social.
INFORMAÇÃO
Os despachos da agência noticiosa saharaui Sahara Press Service (SPS) podem ser lidos no site http:www.citeweb.net/spsinfo
Uma compilação dos textos da imprensa espanhola on-line pode igualmente ser disponibilizada através de pedido feito à ARSO.
NOVO
A emissora Radio Nacional Saharaui j pode ser escutada na banda de Onde Curta em 7.470 khz.
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que
existam links com diversos jornais que deixem de estar em
funcionamento ao fim de alguns dias]