SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 08

20.-26.02. 2000

 

Referendo - Relatório Annan (S/2000/131)

Reacções saharauis
No discurso de abertura do 4.º Congresso da central sindical saharaui, a UGTSARIO, o presidente da RASD afirmou: «se o referendo j não é possível, então a ONU deve declarar a sua incapacidade de o organizar e identificar o responsvel pelo seu malogro». Nesse caso o povo saharaui «assumir as suas responsabilidades e tomar a posição adequada». (
SPS)
O representante da Frente Polisario junto da ONU pensa que o problema dos recursos «não é nem de natureza nem de envergadura inultrapassvel». É um problema que pode e deve ser resolvido. Lamentou que o secretrio-geral da ONU não tenha proposto ideias prticas para a solução deste problema e tenha apresentado «um balanço pessimista» e um «quadro obscuro», que torna difícil a realização do referendo. Acolheu com satisfação a implicação de James Baker e insistiu no facto de o plano de resolução continuar a ser a melhor e única via pacífica para encontrar uma solução para o conflito. (
APS)
A agência noticiosa saharaui SPS em despacho divulgado sobre o relatório d relevo à inexactidão das conclusões do relatório, que não corresponde à linha adoptada até aqui, afirmando que Kofi Annan não menciona os importantes progressos realizados e omite a questão dos recursos. Para a SPS este relatório é uma tentativa de preparar a opinião pública para a ideia de solução que não passe pelo referendo, quando o mandato claro que foi atribuído ao SG foi de o de organizar um referendo de autodeterminação. A SPA lembra que o mandato de James Baker deve inscrever-se no quadro do plano de resolução, facto que o relatório de Annan não precisa. (
SPS).
Por seu lado, o embaixador saharaui junto da OUA, Fadel Ismaïl, afirmou: «Quando a comunidade internacional constata, com a conclusão da lista de eleitores, que o referendo confirmaria a independência do Sahara, uma conspiração em grande escala est a ser fomentada contra o povo saharaui para que a via do referendo seja abandonada. O objectivo final desta tentativa é o de preparar terreno para uma outra solução, no momento em que se est mais próximo do que nunca do referendo e da resolução definitiva do problema de descolonização do Sahara Ocidental. (...) Nada, mesmo nada, pode substituir o referendo para resolver definitivamente o conflito, a não ser o reconhecimento da República saharaui por Marrocos. Toda e qualquer outra solução est votada ao fracasso».

O ministro do Interior marroquino
Ahmed El Midaoui, em entrevista ao dirio Le Parisien, afirmou: «Para nós a questão do Sahara est resolvida: Marrocos est em sua casa e continuar em sua casa. Um referendo não pode ter lugar se todos os saharauis não puderem participar. É a única condição que colocamos à ONU. Mas se nos quiserem impor que apenas uma parte dos saharauis possa votar, então nós não aceitaremos».

Medias (alguns extractos da imprensa e títulos)
Le Quotidien du Maroc (21.02.00): «James Baker ter muito a fazer para fazer sair o processo do impasse actual, no momento em que alguns começaram j a falar de uma terceira via. É nesse sentido que a missão de Baker é aguardada com expectativa».
Al-Ittihad al Ichtiraki (Marrocos): «Kofi Annan estima que Marrocos e os separatistas, cada um por seu lado, faz a ligação entre a constituição do corpo eleitoral e o resultado do referendo. Eis uma conclusão errada, pois se ela se pode aplicar à Polisario, o mesmo não se pode dizer em relação a Marrocos. Nós encontramo-nos face a uma nova lógica da ONU, uma lógica incompreensível, dado que a ONU deve velar pela aplicação das disposições do plano referendrio e pela participação de todos os saharauis».
Maroc Hebdo International título: «ONU abandona referendo no Sahara marroquino», «A ONU anula o referendo no Sahara», «Que fazer da Polisario?».
La Tribune, Argel, 24.02.00: «Os sinais são no entanto de optimismo. Os múltiplos contactos entre responsveis argelinos e marroquinos nestes últimos dias apontavam no sentido de uma normalização entre Argel e Rabat antes da resolução definitiva do dossier do Sahara Ocidental»
El Watan, Argel: «Os adiamentos de Marrocos e as sucessivas sonegações de Kofi Annan estão a abrir a via ao retomar das hostilidades militares».
El Pais, Madrid, título «A miragem sahariana». O dirio estima que a Realpolitik tem regras que prejudicam os mais fracos. Nem os EUA nem a França querem dinamitar as suas relações particulares com Marrocos. A própria ONU sugere a procura de uma solução alternativa. O editorialista concluiu que o que se passou em Timor pesa muito sobre os poderes planetrios.
Financial Times, Londres: «As esperanças de uma votação no Sahara Ocidental desvanecem-se»

ONG
As associações espanholas de apoio ao povo saharaui, reunidas em Barcelona, declaram em comunicado que «o relatório de Annan constitui uma provocação inaceitvel para um povo que passou 25 anos no exílio e é um insulto às consciências solidrias. Nem a ONU, nem o seu secretrio-geral ou Conselho de Segurança têm qualquer argumento técnico ou político para não cumprir o seu mandato».

17.02.00
Reino Unido
Respondendo na Câmara dos Comuns a uma questão colocada pela deputada Julia Drown sobre as medidas que o governo britânico pretende tomar para que os procedimentos de recurso possam ser respeitados pelas duas partes, Peter Hain, responsvel pelo departamento África no Foreign Office, afirmou que a Grã-Bretanha pediria s duas partes para que se mantenha fiéis ao plano de paz das Nações Unidas, e que se empenhem na realização de um referendo.

18.02.00
Recursos
A jurista Susan Marks especialista em direito internacional, 'Fellow and Director of Studies in Law' no Emmanuel College de Cambridge, elaborou um parecer relativamente ao procedimento de recurso previsto no plano de paz. O texto em inglês est disponível (ARSO).

22.02.00
Greve da fome
Os três saharauis detidos na prisão de Inezgane iniciaram uma greve da fome por período ilimitado. Reclamam a sua libertação ou a aceleração do processo judicial assim como a apresentação perante a justiça dos implicados na tortura a que foram sujeitos. O juiz de instrução que os interrogou a 14 de Fevereiro decidiu manter a sua detenção até 14 de Abril, sem fixar a data para o seu processo. A Associação Marroquina de Defesa dos Direitos Humanos AMDH dirigiu uma carta ao primeiro-ministro e ao ministro da Justiça solicitando a sua intervenção imediata (
AFP, SPS).

24.02.00
Conselho de Segurança
Após ter sido informado sobre a actual situação pelo secretrio-geral adjunto responsvel das operações de manutenção de paz, Bernard Miyet, O Conselho estuda um projecto de resolução e decidir na Segunda-feira, 28 de Fevereiro, sobre o prolongamento do mandato da MINURSO.

25.02.00
Nova Delhi
A Associação dos Africanistas Indianos organizou um seminrio internacional sobre o teme: «O Plano da Paz da ONU para o Sahara Ocidental, problemas e perspectivas de futuro». Vrios universitrios e jornalistas intervieram perante muitos parlamentares, políticos indianos e alguns embaixadores.

24-26.02.00
4.º Congresso da UGTSARIO
A União Geral de Trabalhadores do Saguiat el-Hamra e Rio de Oro realizou o seu congresso sob o lema «mobilização, fidelidade e continuidade» na presença de mais de 700 delegados e uma centena de convidados membros de delegações estrangeiras. A central sindical saharaui elegeu um novo secretrio-geral, o Conselho Nacional e a Comissão Executiva. O último dia foi consagrado a uma conferência de solidariedade com o povo saharaui. A UGTSARIO realizou o seu primeiro congresso em Outubro de 1975, um ano após, militantes seus terem sabotado o tapete rolante que liga as minas de fosfatos de Bou-Craa ao porto de El Aioun.(
SPS).

25.02.00
Libertação
O Comité Internacional da Cruz Vermelha recebeu e repatriou 186 prisioneiros de guerra marroquinos, libertados em Novembro passado pela Frente Polisario em gesto de boa vontade.

SOLIDARIEDADE

Barcelona, El Masnou: 19-20.02.00, A Associació Catalana d'Amics del Poble Sahrauí e a delegação da Frente Polisario na Catalunha organizaram as primeiras jornadas oficiais de «Férias em Paz», em colaboração com o secretariado geral da Juventude da Generalitat da Catalunha. Após um debate com os representantes saharauis, os representantes das associações e comités de apoio ao povo saharaui das diferentes comunidades do Estado espanhol aprovaram uma série de medidas que irão permitir melhorar o acolhimento das crianças saharauis que chegam a Espanha durante o Verão.

DIPLOMACIA

14-16.02.00
Extremadura
O representante da Frente Polisario em Espanha, Brahim Ghali, efectuou uma visita oficial à Extremadura, onde se avistou com diversos membros do governo autónomo, parlamentares e representantes das associações de apoio ao povo saharaui.

24.02.00
Durante a visita oficial que realizou às Astúrias, Brahim Ghali reuniu com o presidente desta região autónoma. Na ocasião, o antigo responsvel mximo do Exército de Libertação saharaui assegurou que a Frente Polisario poderia ter que recorrer de novo s armas se Marrocos persistir com as manobras dilatórias.

21-24.02.00
Índia-Marrocos
Primeira visita Índia do primeiro-ministro marroquino, que era acompanhado por uma importante delegação. Apesar dos acordos económicos firmados e das pressões políticas, a Índia não cedeu às intenções marroquinas. O seu primeiro-ministro, Atal Bihari Vajpayee reiterou o apoio do seu país ao plano de resolução da ONU para o Sahara Ocidental e reafirmou o reconhecimento da República Saharaui. A Índia reconheceu a RASD em 1985, que é representada em Nova Delhi por um encarregado de negócios, Mohamed Salem Hadj Embarek.

26.02.00
RASD - África
P ministro dos Negócios Estrangeiros saharaui deslocou-se à Nigéria e ao Chade, onde os respectivos governos lhe reiteraram o apoio à aplicação rigorosa do plano de resolução da ONU. O governo chadiano deu o seu aval à nomeação de Malaïnine Sadik como embaixador extraordinrio e plenipotencirio da RASD junto da República do Chade.

CULTURE

A obra «Sàhara Occidental. Pasado y presente de un pueblo», dos arquólogos Narcís Soler, Carles Serra, Joan Escolà e Jordi Ungé, foi apresentada à Comunicação Social na Universidade de Girona (Catalunha). O livro descreve o meio natural, a história e a cultura do povo saharaui, sendo fruto da colaboração entre o ministério da Cultura saharaui e a Universidade de Girona, que traçou como objectivo fazer conhecer o povo saharaui ao organizar um Museu Nacional do Povo Saharaui assim como um website:
A equipa de arqueólogos, que trabalha h vrios anos na região de Rekeiz e de Slugilla Lawaj, no nordeste do Sahara Ocidental, pediu na ocasião à UNESCO que a arte rupestre descoberta na zona seja declarada património da humanidade. O local situa-se a 120 quilómetros dos acampamentos de refugiados saharauis, cobrindo as gravuras uma zona de 30 km de extensão por 300 metros de largo.

EM BREVE

Reino Unido: Universidade de Sussex, Brighton, 01.03.00, das 6:00 às 7:30 da tarde: War and Refugees in Western Sahara: a UN Failure? David Styan (LSE), Diana Montero Melis (Euro). Chair: Alex Colas (Afras). Meeting House, organized by AFRICA FORUM. Para mais informação: email Africa-forum@excite.com

NOVO NA INTERNET

Raffaele Ciriello, fotojornalista independente que cobre guerra e zonas de conflito em todo o mundo, divulga uma reportagem sua sobre o Sahara Ocidental:
http://www.ciriello.com/49saharawi1.html
http://www.ciriello.com/49saharawi2.html

NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]


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