HISTÓRIA


2. A COLONIZAÇÃO EUROPEIA

As ilhas Canárias constituem a primeira etapa da expansão europeia em direcção à África, já que a penetração directa pela costa mediterrânica era bloqueada pela presença dos estados árabes com os quais a Europa mantinha relações comerciais. Foi por isso que a descoberta das ilhas Canárias, em 1309, suscitou numerosas expedições: portuguesas, catalãs, espanholas, normandas. A partir do século XV a sua soberania foi disputada entre Portugal e Espanha até que esta se assenhoreou definitivamente do controle do arquipélago.

Em 1415, os portugueses estabelecem-se em Ceuta, a primeira base europeia em terra africana. A exploração da costa atlântica da África inicia-se em 1418. Entre 1433 e 1434, o português Gil Eanes segue pela primeira vez ao longo da costa do actual Sahara Ocidental e ultrapassa o Cabo Bojador, lugar mítico a que o imaginário popular associava a terríveis monstros marinhos ou mesmo o fim do mundo. Algum tempo depois Portugal instala o primeiro entreposto comercial na região, na ilha de Arguin, um pouco ao sul do cabo Branco e depois atinge a embocadura do rio Senegal.

No fim do século XV a Espanha obtém, graças à mediação do Papa, o controle da ilhas Canárias e da costa africana , do cabo Bojador até às cercanias da actual Agadir, enquanto Portugal ganha o controle da costa ao sul do cabo Bojador. A ocupação espanhola limita-se ao litoral; apesar da sua presença militar, até meados do século XIX ela não empreende nenhuma acção colonizadora no interior do território. Só no fim do século XIX se activa a presença da Espanha na corrida encetada entre as potências europeias para a colonização da África.

Em 1884, na sequência das expedições empreendidas por Emilio Bonelli, a Espanha declarou sob sua protecção a região do Rio de Oro, a qual, após os acordos concluídos com os chefes das tribos locais, abrangia a área desde o cabo Bojador ao cabo Branco. No ano seguinte, durante a Conferência de Berlim em que a partilha da África foi ratificada, a Espanha vê reconhecidos os seus " direitos " aos territórios do Sahara. Desde 1886 começam as primeiras negociações entre a Espanha e a França com o objectivo de demarcar as respectivas zonas de influência na África Ocidental. Elas conduziram a três acordos sucessivos :

  1. O tratado de Paris, assinado em 27 de Junho, fixa as fronteiras meridionais e orientais do Rio de Oro.
  2. A convenção de Paris de 3 de Outubro de 1904, estabelece a fronteira setentrional englobando o Saguia El Hamra e a zona de Tarfaya até ao Ued Draa.
  3. A convenção de Madrid de 27 de Novembro de 1912, confirma estas fronteiras e delimita as do enclave de Ifni.

O Sahara dito espanhol inclui assim o Rio de Oro, o Saguia El Hamra e a zona de Tarfaya e torna-se um protectorado sob a designação de Marrocos meridional espanhol. Será no entanto preciso esperar até 1930 para ver a Espanha ocupar efectivamente todas estas regiões.

3. A RESISTÊNCIA À OCUPAÇÃO ESPANHOLA E FRANCESA


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