SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 38

17.-23.09. 2000

 

13.09.00
EUA
A Subcomissão África da Comissão de Relações Internacionais do Congresso dos EUA realizou uma sessão onde abordou a questão do referendo do Sahara Ocidental. No começo da sessão, o presidente da comissão, o deputado Ed Royce criticou vivamente a lentidão do processo conduzido pela ONU, declarando "que após 8 anos de atraso (o referendo estava previsto para 1992) e um preço de mais de 440 milhões de dólares US, a MINURSO continua longe do seu objectivo." Para ele está claro que nem os Estados Unidos nem os outros países têm vontade de fazer pressão sobre Marrocos com vista à realização de um referendo justo e equitativo.
O deputado George Radanovich, por sua vez, criticou o governo norte-americano, que não fez prova de firmeza face a Marrocos, potência ocupante do Sahara Ocidental, e que não apoiou suficientemente James Baker na sua difícil missão.
Após ter denunciado as propostas americana e francesa de abandono dos acordos negociados e firmados pelas partes, Joseph Pitts lembrou que os Estados Unidos da América foram fundados na base do direito à autodeterminação e que é arrogante e injusto pretender privar outro povo desse mesmo direito. Joseph Pitts concluiu a sua intervenção afirmando que é tempo de a ONU organizar o referendo e fazer respeitar o seu resultado.

13-15.09.00
Intergrupo parlamentar europeu
Uma delegação do Intergrupo parlamentar europeu "Paz para o Povo saharaui", composta por deputados franceses, espanhóis e britânicos, visitou de 13 a 15 de Setembro os campos de refugiados saharauis. Após o seu regresso, o grupo dirigiu um apelo ao Conselho e à Presidência francesa UE pedindo-lhes que joguem um papel mais activo para garantir a aplicação do plano de paz da ONU. Em comunicado divulgado aos media, a delegação dá conta da inquietação e decepção que observou entre a população saharaui, confrontada com os eternos atrasos do referendo. A delegação sublinha a necessidade que a UE tem de apoiar os esforços das Nações Unidas na aplicação dos acordos firmados e solicita um reforço da ajuda humanitária aos refugiados. Conclui o comunicado dizendo que só uma solução que respeite o direito do povo saharaui à autodeterminação permitirá a todos os povos da região, incluindo o próprio povo marroquino, construir um futuro em paz e estabilidade. (
SPS)

ONU - Referendo
"O plano de resolução (...) continua a ser a única opção prática e realista que poderá assegurar uma solução justa e duradoura para este conflito ", afirma da tribuna da Assembleia Geral da ONU o ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Abdelaziz Belkhadem". (
14.09.00, aps)
"O meu país quer reiterar uma vez mais a sua disponibilidade de tudo fazer para facilitar a aplicação do plano de resolução das Nações Unidas com vista a solucionar o conflito do Sahara Ocidental", declarou por seu turno o ministro de Negócios Estrangeiros mauritano, Ahmed Ould Sid'Ahmed.
(16.09.00 ami)

18-21.09.00
Visita de Mohamed VI a Espanha
Por ocasião do jantar de gala oferecido ao rei de Marrocos no primeiro dia da sua visita oficial, o soberano espanhol Juan Carlos renovou o seu apelo "a não serem poupados esforços para resolver os contenciosos existentes, em particular o diferendo em torno do Sahara Ocidental." A Espanha está convencida, acrescentou, que "só uma verdadeira vontade de cooperação entre as partes implicadas permitirá ultrapassar as dificuldades que impedem ainda a aplicação do plano de paz e encetar o processo de construção magrebina."

O representante da Frente Polisario em Espanha acolheu com satisfação o pedido do rei, esperando que ela venha a ser bem entendida por Mohamed VI. "É tempos de corrigir os acordos tripartidos de Madrid (firmados em 1975 pela Espanha, Marrocos e a Mauritânia)" acrescentou. Questionado sobre as próximas negociações marroquino-saharauis previstas para o fim do mês, em Berlim, Brahim Ghali mostrou-se pessimista quanto ao resultado. (El Mundo)

A visita do soberano marroquino deu lugar a diversas manifestações de protesto organizadas pelo movimento de solidariedade com o povo saharaui.
Numerosas associações, instituições, sindicatos, e 114 municípios que integram a Coordenação catalã das autarquias solidárias com o povo saharaui, subscreveram uma carta aberta ao rei de Marrocos, exigindo a organização do referendo.
Uma concentração pacífica diante da Câmara Madrid, onde o rei de Marrocos iria ser recebido pela município, foi dispersa pela polícia, tendo sido detidos 15 participantes. Os manifestantes protestavam com os atentados aos direitos humanos cometidos no Sahara Ocidental e contra os obstáculos colocados por Marrocos à realização do referendo. Apesar da vigilância policial, seis manifestantes conseguiram penetrar na sala onde decorria a recepção empunhando cartazes, perante a estupefacção dos convidados marroquinos. No decorrer da sessão oficial no parlamento ecoaram gritos de "Marrocos fora do Sahara" vindos da tribuna destinada ao público.
A Liga Espanhola Pro Derechos Humanos protestou com veemência contra a atitude das forças policiais.
Os representantes da Esquerda Unidas boicotaram a recepção oferecida pela cidade de Madrid ao soberano marroquino como forma de protesto.
No final do dia vários milhares de manifestantes (entre 3000 e 5000 segundo várias fontes) participaram numa marcha de protesto no centro da capital espanhola. Os manifestantes exigiam o respeito pelos direitos humanos nos territórios ocupados por Marrocos e a realização rápida do referendo de autodeterminação.
Em Barcelona teve lugar igualmente uma manifestação. (
imprensa espanhola, SPS)
A secção espanhola da Amnistia internacional entregou uma carta ao rei Juan Carlos e ao ministro de Negócios Estrangeiros espanhol, dirigida ao rei de Marrocos Mohamed VI. A AI mostra inquietação pelo facto de que a melhoria dos direitos humanos em Marrocos não se estenda aos habitantes do Sahara Ocidental e denuncia a falta de liberdade de associação, de movimento e de expressão concedida aos Saharauis. Aquela associação de defesa dos direitos humanos salienta o facto de muitos saharauis sofrerem por aquilo que as autoridades se recusam a reconhecer: as violações de que foram vítimas no passado. A secção espanhola da AI lembra que uma grande parte dos 450 saharauis desaparecidos não são reconhecidos como tal. Mostra-se ainda preocupada com o facto de os repressores e torcionários continuarem ainda impunes.

18.-21.09.00África do Sul
Mohamed Cheikh, secretário-geral da UGTSARIO, União Geral dos Trabalhadores Saharauis, participou no 7.º congresso nacional dos sindicatos sul-africanos COSATU. Os 3000 delegados reservaram-lhe um acolhimento caloroso e reafirmaram o apoio e a solidariedade do seu movimento para com a causa saharaui. Através de resolução aprovada no plenário decidiram iniciar uma campanha de solidariedade em favor da UGTSARIO e do povo saharaui. (
corr., SPS)

Apoio ao plano de resolução ONU-OUA
Vários emissários saharauis encontram-se em missão no quadro de uma campanha diplomática levada a cabo pela Frente Polisario e pelo governo da RASD, para sensibilizar a opinião pública internacional sobre a questão da descolonização do Sahara Ocidental e alertar para os perigos que representa o bloqueio da aplicação do plano de paz e a tentativa de abandonar o referendo por uma outra via por parte de Marrocos.

Venezuela: O presidente do Conselho Nacional saharaui (Parlamento), Salem Sidi Brahim foi recebido pelo presidente da Assembleia nacional venezuelana, Dr. William Lara. (SPS 16.09.00)

Quénia: O embaixador da RASD na Etiópia e representante permanente junto da OUA efectuou uma visita a vários países de África. Portador de uma mensagem do presidente Mohamed Abdelaziz, Fadel Ismail iniciou o seu périplo pela capital do Quénia. (SPS 18.09.00)

África do Sul: Ao receber o emissário do presidente da RASD M'Hamed Khaddad, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano exprimiu o apoio do seu país ao respeito pelo direito à autodeterminação do povo saharaui. (SPS 19.09.00)

México: O governo do México reafirmou o seu apoio ao referendo por ocasião de um encontro realizado pelo ministro e director-geral para a África, Federico Urruchua Durand, com o diplomata saharaui Khatri Addouh. (SPS 19.09.00)

Madagáscar: O ministro da Comunicação e vice-ministro dos Negócios Estrangeiros malgache reiterou o apoio do seu país ao plano de paz ONU-OUA. Essa tomada de posição aconteceu durante o encontro que aquele dirigente manteve com um emissário da RASD, Mohamed Bouzeid, ministro da Justiça e dos Assuntos Religiosos. (SPS 20.09.00)

Lesoto: Mhamed Khaddad, membro do secretariado nacional da Frente Polisario e coordenador junto da MINURSO, foi recebido no ministério de Negócios Estrangeiros do Lesoto. Os responsáveis daquele país com quem se avistou exprimiram o apoio ao direito à autodeterminação e o seu apoio total à causa saharaui. (SPS 20.09.00)

Botswana: O presidente do Botswana reiterou o vigoroso apoio do seu país ao direito à autodeterminação do povo saharaui durante um encontro que manteve com o emissário da RASD M'Hamed Khaddad. (SPS 23.09.00)

20.09.00
Itália
O ministro de Negócios Estrangeiros italiano, Lamberto Dini, respondendo a uma carta que lhe fora dirigida por mais de 100 deputados italianos, onde convidavam o governo a apoiar o plano de paz da ONU, escreve que a Itália continua a apoiar com firmeza o processo referendário tanto nas Nações Unidas como no quadro da União Europeia. Afirma que o governo italiano segue com atenção os esforços do enviado pessoal do SG da ONU e está consciente das dificuldades reencontradas, acrescentando que é evidente que o abandono explicito da via referendária por uma "terceira via " corre o risco de aumentar as tensões na já difícil relação entre a Argélia e Marrocos, ponto de partida fundamental para toda e qualquer perspectiva de integração regional do Magrebe e para a própria estabilidade do Mediterrâneo Ocidental. (corr.)

 

EM BREVE
Marcha sobre Tazmamart
O Forum para a Verdade e a Justiça (Marrocos) organiza no dia 6 de Outubro uma marcha sobre Tazmamart, um das mais tenebrosas prisões secretas de Hassan II.NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]

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