SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 21

21.-27.05. 2000

 

16-18.05.00.
ONU
Um seminario organizado nas ilhas Marshall pela comissão de descolonização da ONU no quadro da Década Internacional das Nações Unidas pela erradicação do colonialismo reuniu representantes de países e povos coloniais, potências administrantes, ONG, organizações regionais e peritos com o objectivo de proceder a uma avaliação da situação dos países e povos coloniais. O representante da Frente Polisario na Australia apresentou a situação no Sahara Ocidental, chamando a atenção para responsabilidade da ONU, que deve criar as condições que permitam ao povo saharaui poder exercer o seu direito à autodeterminação.

20 Maio de 1973-20 de Maio de 2000
«Não ha alternativa à independência do povo saharaui» e esta «é inelutavel», declarou o presidente saharaui perante os combatentes da 7.ª região militar reunidos em Aghoueinit, nos territórios libertados. Mohamed Abdelaziz discursava após as manobras militares que tiveram lugar por ocasião do 27.º aniversario do desencadeamento da luta armada no Sahara Ocidental. «A terceira via não pode ser outra que não seja o regresso às armas», afirmou, apelando aos combatentes e ao povo saharauis para que se prepare para todas as eventualidades (
SPS).

21.05.00
União dos Juristas Saharauis
A UJS realizou a sua assembleia geral na Escola 27 de Fevereiro, nos acampamentos de refugiados. Após um balanço e analise da actual situação feita pelo seu secretario-geral, a assembleia elegeu Abba Salek Haissen, como seu representante maximo, assim como os membros da Comissão Nacional: Mohamed Najem Abdi, Hafedallah Chaddad, Ahmed Sid Ali, Bah Elmad e Mohamed Salem Taibi. A assembleia abordou a situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental e a repressão que se abate actualmente sobre os estudantes saharauis de Rabat e Marraqueche. A UJS denunciou as prisões arbitrarias e os abusos cometidos pelas forças da ordem marroquinas. Pediu à ONU e às organizações de defesa dos direitos do homem para que intervenham «com urgência» para que os estudantes acusados sejam libertados. A UJS lembrou ainda que «o respeito pelos Direitos do Homem é uma questão incontornavel a um referendo livre e transparente no Sahara Ocidental» (
UJS, SPS).

22.05.00
Relatório do Secretario-Geral da ONU, S/2000/461
Kofi Annan havia pedido ao seu enviado pessoal James Baker para «estudar os meios conducentes a uma resolução rapida, duradoura e concertada» dos diferendos entre as partes. A reunião de Londres de 14 de Maio passado confirmou que os seus pontos de vista era «muito divergentes» e que nenhuma delas fazia propostas «sobre a maneira de como avançar». Invocando essas divergências e a ausência de um mecanismo de aplicação do plano de resolução, Kofi Annan pede às partes que «apresentem soluções específicas e concretas» ou que «estudem outros meios para chegar a uma resolução». Enquanto isso, propõe o prolongamento do mandato da MINURSO por um período de dois meses, até 31 de Julho de 2000. O Conselho de Segurança ira pronunciar-se no dia 31 de Maio.
O relatório aborda igualmente a segunda parte do procedimento de recursos, a que se refere à lista de votantes das tribos contestadas. O relatório informa que foram apresentados 54'889 recursos, 98,8% dos quais oriundos de Marrocos ou com origem nos territórios ocupados. O número total de recurso apresentados é de 134'014 .
No que respeita ao repatriamento dos refugiados, o ACNUR (Alto Comissariado para os Refugiados da ONU) «pré-registou» 120'000 pessoas. Estas desejam ser repatriadas mas, «na sua imensa maioria», desejam que o repatriamento se faça para os territórios libertados, a Leste do muro de protecção construído pelas forças marroquinas de ocupação.

Reacções saharauis

Reagindo ao relatório do SG da ONU, Ahmed Boukhari, representante da Frente Polisario junto da ONU, afirmou não existirem alternativas à realização do referendo. Todos os problemas têm origem em Marrocos, afirmou, acrescentando que cabe à ONU encontrar uma solução para o problema dos recursos e fazer pressão sobre as duas partes para que estas aceitem e concretizem o resultado da votação (imprensa espanhola, 23.05.00).
«A Frente Polisario não participara numa próxima reunião entre as partes se as conversações não se desenrolarem no quadro do plano de paz da ONU», declarou em conferência de imprensa em Madrid o antigo ministro da Defesa saharaui e actual representante da Frente Polisario em Espanha, Brahim Ghali. «Nós exigimos um calendario preciso e uma agenda de trabalhos concreta», acrescentou, precisando que a Frente Polisario não ira aceitar de forma alguma uma alternativa ao referendo e exige a aplicação estrita do plano de resolução. Ghali sublinhou ainda que não podera haver acordo sem uma mediação dos EUA. Criticou a neutralidade política do governo espanhol, que acaba por ser favoravel a Marrocos» (
24.05.00, imprensa espanhola, APS, SPS).
A Frente Polisario pretende que o Conselho de Segurança não poupe esforços para preservar o plano de resolução e encoraje as duas partes em conflito a cooperar com a ONU, escreve Ahmed Boukhari, representante saharaui na ONU, em carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança. Boukhari deplora que as hesitações da ONU a respeito dos recursos contribuem para encorajar Marrocos na sua atitude de obstrução. Sublinha que as «divergências de ponto de vista» postas em evidência pelo SG e que conduzem à sua analise pessimista, não são de todo da mesma ordem. A Polisario, que exige uma aplicação estrita do plano de paz e dos acordos de Houston, continua fiel ao espírito e à letra do plano das Nações Unidas, enquanto que Marrocos procura redefinir a seu favor as condições chave do processo. Do mesmo modo, a ausência de um mecanismo de aplicação dos resultados do referendo, invocado por Kofi Annan para justificar o seu pessimismo, não pode ser imputado as partes, acrescentou (
25.05.00, SPS).

25.05.00
Diplomacia
A Costa Rica decidiu acreditar um embaixador saharaui, declarou em comunicado o ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país centro-americano, Roberto Rojas, após ter recebido Omar Mansour, ministro da Saúde Pública da RASD. A Costa Rica reafirmou o seu apoio ao direito à autodeterminação do povo saharaui.

25.05.00
Agadir - Processo
Brahim Laghzal (Brahim Ould Baba), Cheikh Khaya (Cheikh Abdelaziz Ould Abdallah Ould Ali), Laarbi Massoudi (Laärbi Ould Saïd Ould Boujemaa), encarcerados na prisão de Inezgane próximo de Agadir, desde Dezembro de 1999, foram convocados de forma inesperada para se apresentarem diante do tribunal de primeira instância de Agadir. Nem os seus advogados, seus familiares ou os observadores mandatados pela FIDH puderam assistir à sessão, nem sequer dela foram informados. O tribunal ira reunir-se de novo no dia 30 de Maio. Os três saharauis (dossier 510/2000) são acusados de atentarem contra a segurança do Estado e incorrem numa pena de 1 a 5 anos de prisão (
AARASD, ARSO, CDDH).

21-26.05.00
Marrocos - Universidade - manifestações (continuação)
Marraqueche: O tribunal de primeira instância de Marraqueche tornou pública a sua sentença no dia 26 de Maio sobre o processo No 5589/2000, relacionado com os acontecimentos recentemente ocorridos próximo da universidade (ver semana 20). Treze pessoas foram condenadas a 3 anos de prisão efectiva e duas outras a 3 meses e 1 mês de prisão, respectivamente. Um outro detido sera apresentado perante um outro tribunal por ter incendiado um veículo pertencente ao Estado. Segundo parece, foram detidas 35 pessoas no total. 5 inculpados de origem saharaui estarão em fuga e são procurados pela polícia. Mais de 200 estudantes (300, segundo uma outra fonte) manifestaram-se junto da direcção da universidade reclamando a libertação sem condições dos condenados assim como o fim da violência e do terror na universidade. Anunciaram que se esta situação persistir serão obrigados a não se apresentar aos próximos exames e a abandonar os seus estudos.
O CDDH, o Comité (marroquino) de defesa dos direitos humanos, reafirmou o apelo junto do ministro do Interior, do director da Segurança nacional e do wali de Marraqueche.
Rabat: 10 pessoas foram apresentadas perante o juiz no dia 23.05.00, que adiou a sessão sine die. Entre essas pessoas encontra-se um filho de um deputado saharaui (no parlamento marroquino). Os parlamentares de origem saharaui terão procurado intervir em seu favor junto do ministro do Interior, mas sem sucesso. Estudantes saharauis de Rabat e de Casablanca (160 segundo o diario marroquino Bayane al-Youm,) manifestaram-se diante do tribunal, exigindo que os seus camaradas fossem libertados ou que eles mesmos fossem igualmente detidos. A polícia carregou sobre os manifestantes, que se refugiaram numa sala do tribunal (
AFAPREDESA, CDDH, comunicado dos estudantes saharauis)

25.05.00
Violação do cessar-fogo
Um helicóptero marroquino sobrevoou os territórios libertados da RASD durante cerca de meia hora, anuncia em comunicado o ministério da Defesa saharaui. Dois aviões de reconhecimento marroquinos haviam ja violado o cessar-fogo em Dezembro de 1999.
Na altura, a Frente Polisario havia solicitado a MINURSO que melhorasse as suas capacidades de controle dos movimentos aéreos marroquinos, «a fim de prevenir qualquer escalada militar imprevisível» (
SPS).

SOLIDARIEDADE

Noruega, Oslo, 08.05.00: A association Norwegian People's Aid e o comité norueguês de apoio ao povo saharaui organizaram um seminario sobre o conflito do Sahara Ocidental.

Dinamarca, Vordningborg, 19.05.00: O partido SF convidou para assistir ao seu congresso o representante da Frente Polisario para os países nórdicos. Falando aos congressistas, o representante saharaui falou sobre a situação actual e apelou à Europa para que faça pressão sobre Marrocos para que este país respeite o plano de paz.

Italia, Calabria, Cosenza, 26.05.00: debate por ocasião da Festa dei popoli: Saharawi un popolo in lotta (Saharauis, um povo em luta) com a participação de Omar Mih e de Suad Lagdaf, da Frente Polisario, e de Umberto Romano, escritor, que fez a apresentação do seu mais recente livro, testemunho da vida nos territórios ocupados do Sahara.

Espanha: a solidariedade da população manifesta-se de forma contínua e de forma espectacular. Estas são algumas das manifestações de que tivemos conhecimento:
nas ilhas Baleares uma cadeia humana reuniu 1200 pessoas por ocasião de uma festa de solidariedade. Foi tornado público um manifesto. Nele se protesta contra o bloqueio do plano de paz e se pede ao governo espanhol para que intervenha com vista à rapida realização do referendo.
Em Saragoça, um manifesto no mesmo sentido foi subscrito por políticos, artistas, desportistas, intelectuais...
Na Catalunha, "Palhaços sem fronteiras" lançou uma acção pública que consiste em promover uma concentração todas as terças-feiras, pelas 20 horas, diante da câmara municipal de cada cidade, a fim de exprimir vergonha face ao abandono pela Espanha do povo saharaui; durante um minuto os participantes tapam os olhos com as duas mãos. O movimento esta a alastrar-se e outros grupos estão a organizar concentrações semelhantes noutras regiões.

NOVO NA INTERNET

Western Sahara online, o website de Khatry Beirouk, tem um novo URL: http://www.wsahara.net e uma nova e atractiva apresentação.

Pagina da Asociacion A contrallum, Barcelona: http://www.lanzadera.com/acontrallum

 

NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]

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