SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 20

14.-20.05. 2000

 

14.05.00
Encontro de Londres
A delegação saharaui era integrada por Mahfoud Ali Beiba, na qualidade de presidente, M'Hamed Khaddad, Brahim Ghali, Ahmed Boukhari - todos membros do Secretariado nacional da F. Polisario - por Radhi Sgheir Bachir, conselheiro junto da Presidência, e Brahim Mokhtar, representante da F. Polisario em Londres
A delegação marroquina, chefiada por Mohamed Benaïssa e Ahmed El Midaoui, respectivamente ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro do Interior, era constituída também pelo embaixador Ahmed Snoussi, representante permanente de Marrocos junto das Nações Unidas, Mohamed Loulichki, coordenador com a MINURSO, e por cinco saharauis: os transfugas Brahim Hakim, embaixador itinerante do rei e Omar Hadrami, gouverneur, Rachid Douihi, governador da wilaya de El Ayoune (antigo membro do PUNS, partido criado pela Espanha no Sahara antes de 1975), Khali Hana Ould Rachid, deputado e presidente do Conselho Municipal de El Ayoune (antigo secretario-geral do PUNS que, em 1976, fugiu para Marrocos com o roubo de todo o dinheiro do partido) e Ghailani Dlimi, governador junto do ministério do Interior. Estes saharauis não tiveram no entanto o direito ao uso da palavra.
A reunião teve início com uma breve introdução de James Baker, após a qual as delegações argelinas e mauritanas abandonaram a sala. Benaïssa, Midaoui e Loulichki expuseram as teses marroquinas. Ali Beiba, Khaddad e Boukhari tomaram depois a palavra. Não houve discussão. Baker pediu às duas partes que elaborassem propostas para desbloquear a situação, a fim de serem discutidas numa próxima reunião que devera realizar-se no início de Junho. O porta-voz do secretario-geral da ONU confirmaria no dia 16 de Maio a realização desse encontro.

Comentarios

Frente Polisario
Mahfoud Ali Beiba afirmou «não se terem chegado a resultados concretos». Denunciou a atitude «provocatória» de Marrocos, que volta a utilizar «uma linguagem do passado».«Não sentimos da parte marroquina nenhuma vontade de avançar. Fomos surpreendidos pelo regresso a um discurso de provocação que julgavamos de vez banido». Mahfoud Ali Beiba denunciou com veemência» o volte face de Marrocos, cuja delegação se escondeu por detras de um discurso que disfarça mal a sua recusa do referendo e do processo de paz».
Brahim Ghali declarou ao diario espanhol La Razon que «não falaram de uma terceira nem de uma quarta via, mas unicamente do plano de paz das Nações Unidas».
M'hamed Khaddad referiu que Marrocos, «incapaz de impor uma solução militar, incapaz de aceitar o veredicto popular das urnas, procura desesperadamente abandonar o plano de paz», opção que é encorajada por certos países amigos de Marrocos, que procuram aplicar «soluções surrealistas», elaboradas nos anos 70 e que «ignoram a vontade de independência do povo saharaui, com o pretexto de salvaguardar a estabilidade interna de Marrocos»

Argélia
Algérie Presse Service: «A reunião de Londres demonstrou de forma clara que ela não pretendia encontrar uma outra alternativa àquela que é traçada com detalhe pelo plano de paz e o acordo de Houston».
O presidente argelino, em visita a Montreal, Canada, exprimiu no dia 16 de Maio, a sua convicção de que o conflito Sahara Ocidental deve ser resolvido pelas Nações Unidas: «Estou certo disso, afirmou, pois, para mim, a saída real - e não se trata de um jogo de palavras - é a saída pela grande porta da legalidade internacional, respeitando a autodeterminação dos povos».

Marrocos
Não houve nenhuma reacção oficial.
L'Opinion, diario do partido Istiqlal, 16.05.00: «Após cinco horas de discussões em Londres sobre o Sahara, um pesado silêncio. O hermetismo que marcou o encontro de Londres pode querer significar que alguma coisa de delicado, e por isso fragil, esta em preparação... O silêncio observado deve pois ser rompido se não se quiser que ele dê lugar à tagarelice, em nada benéfica para a nossa causa... Os marroquinos têm o direito de saber o que é que se passa...»
La Gazette du Maroc, 17.05.00: «Londres: Os marroquinos serenos e decididos. A delegação marroquina não se deixou impressionar. A posição marroquina é imutavel: nenhum atentado à soberania nacional.» (revista de imprensa da embaixada de França, Rabat).

07-10.05.00
OUA: Conferência para a Segurança, a Estabilidade, o Desenvolvimento e a Cooperação em Africa
Os ministros africanos dos Negócios Estrangeiros apelaram em Abuja (Nigéria) «para o termo da colonização do Sahara Ocidental através da aplicação célere e honesta do plano de paz ONU/OUA e dos acordos de Houston para o território». Uma delegação da RASD chefiada por Malainine Sadik, embaixador da RASD na Argélia, participou nos trabalhos. (
ministério da Informação saharaui)

17.05.00
União Europeia
Com o objectivo central de implicarem a União Europeia na procura de uma solução justa e pacífica para o conflito do Sahara Ocidental, membros do movimento europeu de solidariedade com o povo saharaui deslocaram-se ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo. No decurso de varios encontros com inúmeros parlamentares, propuseram aos eurodeputados que convidassem James Baker para se deslocar a Estrasburgo e enviassem uma missão de observação ao território. Chamaram a sua atenção para a protecção dos direitos das populações saharauis dos territórios ocupados e para a situação alimentar preocupante dos refugiados saharauis devido ao atraso da ajuda humanitaria da EU. Solicitaram igualmente aos eurodeputados que nos acordos económicos estabelecidos entre Marrocos e a EU houvesse clausulas que preservassem os interesses saharauis. No decurso desta iniciativa, uma centena de pessoas manifestou-se pacificamente no interior do Parlamento defendendo um solução justa e duradoira para o Sahara Ocidental baseado no direito à autodeterminação. (comunicado
frances o ingles)

16-19.05.00
Repressão
Registaram-se violentos confrontos entre dezenas de estudantes saharauis e as forças policiais marroquinas no campus universitario de Marraqueche. Os estudantes protestavam contra a brutalidade policial de que foi vítima uma estudante saharaui. 36 estudantes saharauis foram detidos (38 segundo uma outra fonte). Os estudantes saharauis da Universidade Mohamed V de Rabat solidarizaram-se nesse mesmo dia com os seus colegas de Marraqueche. Tal como nesta cidade, as forças policiais intervieram e efectuaram 20 detenções (13, dos quais 12 saharauis, segundo uma outra fonte).
No dia 19 de Maio a polícia prosseguiu no cerco aos campus de Marraqueche e de Rabat, após ter revistado os quartos ocupados por estudantes saharauis.
Trinta e uma pessoas foram citada para se apresentarem diante do tribunal de primeira instância de Marraqueeche, e uma outra perante o tribunal de apelo (
SPS).
Por seu lado, a agência noticiosa oficial
MAP divulgava a ocorrência de uma dezena de detenções na altura dos confrontos, que, afirma, produziram «varios feridos», sem precisar no entanto a causa nem a forma como eclodiram. O diario espanhol El Pais relatou a detenção de varios estudantes saharauis «no seguimento de uma manifestação que provocou devastação em viaturas e em lojas».
No dia 19 de Maio, os jornais marroquinos confirmaram os acontecimentos de Marraqueche, retirando-lhes todo o aspecto de reivindicação política.
Maroc Hebdo International escreve que uma rixa entre estudantes saharauis e um polícia degenerou em confrontações com as forças policiais «durante varias horas». «Foi o desencadear de uma longa e brutal batalha», escreve o semanario, tendo os estudantes erguido barricadas nas proximidades da cidade universitaria. Segundo o MHI, as pessoas detidas terão sido julgadas no dia 18 de Maio.
A Associação francesa dos amigos da RASD, publica uma lista provisória das pessoas detidas, e lança um apelo às organizações de defesa dos direitos humanos para que exijam a libertação das pessoas detidas.

20.05.00
RASD
Desenrolam-se manobras militares na região de Aghouenit (sudeste do Sahara Ocidental), por ocasião do 20 de Maio, aniversario do desencadeamento da luta armada de libertação pela Frente Polisario. A manobras realizam-se na presença do presidente Mohamed Abdelaziz, de representantes do Governo da RASD, do Parlamento, do conselho consultivo e das diferentes instituições políticas e sociais saharauis. É a primeira vez desde o cessar-fogo que nelas participam carros blindados. As manobras visam preparar o exército para todas as eventualidades, declarou um responsavel militar. (
SPS)

EM BREVE

22.05.00
O próximo relatório do secretario-geral da ONU é esperado para o início da próxima semana.

25.05.00
Reuniões informais do Conselho de Segurança sobre o tema MINURSO.

 

NOVAS PUBLICAÇÕES
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